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[Archport] Romanos de Lagos em exposição

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Romanos de Lagos em exposição
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Sat, 26 May 2007 16:36:53 +0100

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Sent: Friday, May 18, 2007 3:24 PM
Subject: Romanos de Lagos mostram-se em exposição e contam a sua história

 

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Cultura

Romanos de Lagos mostram-se em exposição e contam a sua história

 

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Estatueta em bronze do Deus Mercúrio, na exposição «Laccobriga», em Lagos

 

Paredes ocres e pretas ajudam a realçar e destacar a importância dos vestígios arqueológicos encontrados no Monte Molião e na baía de Lagos, que se mostram, até 28 de Julho, no Centro Cultural da cidade, inseridos na exposição «Laccobriga-A ocupação romana na baía de Lagos».

TEMAS: Arqueologia

Esta exposição, bem como a publicação que a acompanha, apresentam ao público, pela primeira vez, os resultados dos trabalhos de investigação que, desde há um ano, se têm realizado no Monte Molião e na zona da baía de Lagos.

Este projecto de investigação, com término em 2009, é financiado pela Câmara de Lagos e gerido pela Faculdade de Letras de Lisboa e pelo UNIARQ (Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa), com a direcção científica de Ana Margarida Arruda.

Através dos objectos descobertos durante as escavações arqueológicas, e agora apresentados, os visitantes farão uma breve incursão na história da "primitiva" cidade de Lagos.

Na entrada, uma fotografia aérea de grandes dimensões, datada dos anos 80 do século passado, mostra o Monte Molião, aquele que parece ter sido o núcleo inicial da cidade de Laccobriga.

Hoje, uma parte significativa do mesmo Monte Molião está coberta de urbanizações, pelo que uma foto actual daria uma perspectiva bem diferente.

Laccobriga foi importante durante o Império Romano

Durante o Império Romano, Laccobriga terá assumido um papel estruturante na organização do território da região, quando, com o fim da guerra lusitano-romana, se colonizaram as terras em seu redor e surgiram núcleos habitacionais, quer no litoral, junto à baía, quer no interior, ao longo da Ribeira de Bensafrim.

Esta exposição mostra os vestígios deixados pelos seus habitantes, durante a ocupação de Lagos pelos romanos, entre século I antes de Cristo e o VI d.C.

«O nosso objectivo era mostrar a primeira ocupação da baía de Lagos, antes da ocupação do centro histórico», explicou ao «barlavento» Elena Morán, arqueóloga da Câmara de Lagos.

«Temos objectos resgatados desta primeira fase de ocupação: cerâmicas finas, ânforas de vinho da Itália, de azeite da Bética, pratos de mesa, bem como moedas».

A cunhagem das moedas que estão expostas «foi feita na cidade muralhada de Silves, no Cerro da Rocha Branca, antes do império romano, na época republicana», esclareceu a arqueóloga.


Lagos era importante centro exportador de preparados de peixe

Mesmo depois da queda do Império Romano, Lagos continuou a ter importância como exportador de preparados de peixe.

«Este espólio mostra que Lagos, ainda no século VI, continuava romanizada, com as mesmas tradições de produção de peixe», afirmou Elena Morán.

A comprovar a magnitude da cidade enquanto complexo industrial piscícola, estão os vestígios das fábricas de peixe, situadas desde o Largo Infante D. Henrique até à Rua 25 de Abril.

Em destaque no Centro Cultural, está uma estatueta de bronze do deus Mercúrio, símbolo dos comerciantes, encontrada nas necrópoles do Molião.

Ao seu lado, está um pequeno jarro de bronze, do período romano imperial, também encontrado no Molião, que representa a cabeça de um jovem efebo.

Além dos mosaicos recuperados de uma villa na Meia Praia, é possível ver panelas, colares de contas, chaves, uma roca, um espelho, uma pinça, e até frascos de perfume em vidro.

Existem também peças de contexto funerário, como urnas, e uma que, além de ser pintada, contém ainda restos da cremação.

Além dos vestígios arqueológicos encontrados no Monte Molião e na Ribeira de Bensafrim, estão também expostas peças descobertas em escavações em pleno centro histórico de Lagos, feitas na década de 90, como ânforas. Os tanques de salga estão representados em fotografias, feitas na altura das escavações arqueológicas de emergência.

«Só que ainda não sabemos qual era o peixe utilizado», adiantou a arqueóloga Elena Morán. O artista Jorge Pereira fez uma ilustração da fábrica de salga encontrada na Rua Silva Lopes.


Recriação do mundo dos mortos em plena exposição

No meio da penumbra, está a parte mais misteriosa da exposição: a recriação do mundo dos mortos. «Temos um caixão da época romana, feito de telhas. Pertencia a uma mulher de 20 anos, que foi encontrada na Rua Marreiros Neto. Estavam também junto a ela objectos fúnebres, como pequenos potes», contou Elena Morán.

Em cima está uma lápide funerária, que pertencia a Lupa, uma criança de dois anos, que foi recuperada da Avenida dos Descobrimentos.

Uma exposição que conta uma fatia importante da história de Lagos, em tempos remotos, mostrando espólio em parte inédito para o grande público, ou que nunca antes "brilhou" tanto como nesta mostra, que pode ser vista até 28 de Julho, no Centro Cultural.

18 de Maio de 2007 | 15:00
mara dionísio

 

 

 

 


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