A jovem mulher morreu, de repente, sem que ninguém
do povoado soubesse porquê. Mas esses são os mistérios da vida. O forte som
do búzio ecoou no vale anunciando a morte.
O xamã foi chamado para ajudar a
preparar o corpo da jovem, que foi colocado em posição fetal, deitado de
lado, e envolto em peles, para o preparar para a última viagem.
Foi depois conduzido, pelos seus familiares, pelo feiticeiro e pelos outros
membros do grupo até ao espaço frente ao sepulcro monumental, para aí
decorrer o ritual de enterramento.
Nesse local, o feiticeiro procedeu à administração das últimas poções e
misturas de ervas sagradas, colocou os objectos sobre o corpo para a viagem,
e entoaram-se cânticos, acompanhados pelos sons do búzio e da percussão nos
troncos de madeira.
Finalmente, o corpo foi depositado na cripta da necrópole.
Esta é a descrição daquilo que deveria ter sido o ritual de enterramento de
uma comunidade neolítica há cerca de 5000 anos.
Esta mesma cerimónia foi recriada, no sábado passado, em Alcalar, em mais uma
edição de um Dia na Pré-História.
Ao longo de todo o sábado, os funcionários e técnicos do Museu Municipal de
Portimão recriaram quatro vezes este ritual milenar, uma inovação nas três
edições destes dias ao longo do corrente ano.
O público participou, atento, na encenação deste funeral de antanho, tendo
até, em sinal de respeito, ajoelhado durante a cerimónia…
Segundo José Gameiro, neste terceiro Dia da Pré-História participou meio
milhar de visitantes, de todas as idades e nacionalidades.
Ao todo, os três dias promovidos no âmbito do programa que junta o Museu e a
Câmara de Portimão ao Igespar levou aos monumentos megalíticos de Alcalar
3000 pessoas. Tendo em conta que, por ano, aquele monumento pré-histórico
recebe cerca de 5000 visitantes…
Daí que o director do Museu de Portimão não hesite em dizer que «há uma
grande apetência do público por este tipo de iniciativas que façam o
monumento viver».
Por isso defende que, no quadro de uma futura gestão conjunta de Alcalar, se
deva prever «uma futura animação semanal».
Até ao fim do ano, em fins de Novembro ou princípios de Dezembro, haverá
ainda um workshop sobre as potencialidades de Alcalar, voltado em especial
para os operadores turísticos.
A grande afluência de turistas estrangeiros e nacionais a estes Dias da
Pré-História provam que há mercado.
O que o futuro trará para este que é o mais importante monumento megalítico
do Algarve e um dos mais significativos do Sul do país depende agora da
colaboração que se vier a estabelecer entre o Museu e a Direcção Regional de
Cultura, a entidade que actualmente tem sob a sua responsabilidade a gestão
dos monumentos existentes em terras algarvias.
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3 de Outubro de 2007 |
15:00
elisabete
rodrigues
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