[Archport] O vil metal
Desculpem o facto de expressar de forma directa e incisiva. Sinceramente fico bastante triste por constatar, mais uma vez, a rapidez com que alguns arqueólogos fazem julgamentos na praça pública. Por isso, já que tanta gente se manifestou prontamente, também penso ter direito a deixar algumas considerações pessoais:
Convém relembrar que se trata de uma notícia de jornal. Logo a informação é sintética e simplificada. Pode parecer estranho, mas (felizmente) nem todos os arqueólogos costumam explicar o trabalho que desenvolvem, assim como os achados realizados, com um paleio científico, chato e hermético para o comum dos mortais. O objectivo da impressa é divulgar a informação de forma acessível, e não ser a transcrição de uma conversa recheada de termos profissionais, que nem o próprio jornalista
compreende.
Quanto às condições do achado, a notícia explica perfeitamente o contexto e a forma de descoberta. Supostamente seria um esconderijo num muro, onde as moedas estariam ocultas com outras peças metálicas.
Este tipo de esconderijos muitas vezes apenas se encontram por mera sorte, de outra forma ninguém se teria dado ao trabalho de os utilizar no passado. Assim a única forma de os topar, é através da desmontagem de estruturas. Raramente esta ocorre nas condições sonhadas, mas suponho que a descrição patente na notícia faz menção às características do esconderijo.
Quanto à mencionada ?serrapilheira?, vale
a pena referir que é possível a sua sobrevivência ao longo dos séculos, sob condições excepcionais. Uma delas é a saturação do tecido por material bioicida, como por exemplo, óxidos de cobre, geralmente resultantes da degradação de moedas.
Vale a pena referir que em no museu de Silves (salvo erro) se encontrava em exposição um pequeno pote com moedas de cobre, que através de uma reacção semelhante permitiu preservar a tampa original em cortiça. As minas romanas de Aljustrel (Vipasca), também forneceram um importante espólio em madeira e fibras vegetais, conservadas graças aos compostos de cobre existentes na mina.
Eu próprio participei numa escavação onde se encontrou um tesouro monetário romano, cuja degradação permitiu conservar algumas fibras do saco original. Será
que também sou ?detectorista? ou mentiroso?
Acho que vale a pena mencionar que não conheço o arqueólogo em causa, mas como colega apenas posso pensar dele o melhor até prova em contrário. Aos investigadores interessados no tesouro sugiro que façam como tantos outros e esperem pela sua publicação ou entrem em contacto, de forma profissional, com o arqueólogo responsável. Garanto que será sempre melhor que avançar teorias via Archport.
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