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O director regional da
delegação de Castelo Branco do ex-IPPAR classificou como ?muito
grave? a reparação com cimento de uma ponte romana na
região.
A Ponte de Segura (concelho de Idanha-a-Nova) mantém
a estrutura base de origem romana, apesar do tabuleiro já ter sido
reconstruído séculos depois. Em declarações à agência Lusa, o
director do ex-Instituto Português do Património Arquitectónico
(IPPAR), José Afonso, referiu que a ponte liga Portugal e Espanha
sobre o Rio Erges e ?é gerida pela empresa Estradas de Portugal,
responsável pela obra de reabilitação e reforço estrutural da
estrutura?. ?Foi feito o revestimento de algumas sapatas com
cimento, que é o maior veneno do património, da arquitectura e
construção tradicional. É um processo irreversível. Aliás, em
contacto com a humidade ou chuvas, forma um ácido que ataca a
pedra?, lamentou. Segundo aquele responsável, devia ser usado ?o
mesmo tipo de cimento que era fabricado pelos romanos?, mantendo os
materiais ancestrais. ?Trata-se de património importante, só que não
está classificado. É uma ponte internacional e para a classificar é
preciso envolver entidades dos dois países, o que tem representado
alguma dificuldade?, explicou José Afonso. De acordo com o
responsável, ?ao não estar classificada, legalmente não é necessário
haver comunicação ao Instituto Português do Património
Arquitectónico (IPPAR) para intervir naquela construção romana?.
?Mas devia haver prudência, sentido de responsabilidade e cidadania
da parte dos técnicos no sentido de cuidar bem de uma ponte que,
independentemente de estar classificada ou não, é património
histórico de todos?, sublinha. José Afonso admite que outros
casos semelhantes possam ocorrer, porque, ?em Portugal, os técnicos
envolvidos nestes trabalhos continuam a agir sem sentido de
responsabilidade?. Por outro lado, ?a legislação nestes casos devia
ser mais simples e o Estado devia actuar mais depressa quando se
detectam os problemas?. Sem formas legais de actuar, José Afonso
considera importante lançar o alerta sobre a situação. ?Acho que a
própria Estradas de Portugal já foi alertada e está a par do
problema?, refere. Apesar das diversas tentativas, a Agência Lusa
não conseguiu obter esclarecimentos da Estradas de
Portugal.
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