[Archport] COMUNICADO DA DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DE ARQUEÓLOGOS
COMUNICADO DA DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DE ARQUEÓLOGOS
A direcção da Associação Profissional de Arqueólogos (APA) teve
conhecimento que não vão ser renovados os contratos de avença dos
arqueólogos que exercem funções nesse regime no IGESPAR. Esta
situação é extremamente grave já que são estes arqueólogos que
asseguram, desde a criação do IPA em 1997, a maior parte da
intervenção operacional do Ministério da Cultura no âmbito do
património arqueológico.
Com a cessação destes vínculos laborais põe-se em causa:
- a continuidade do trabalho das Extensões Territoriais do ex-
IPA, que garantem o processo de licenciamento, fiscalização e
aprovação de trabalhos arqueológicos, a maioria dos quais executados
como medida preventiva em obras públicas e privadas;
- a capacidade de resposta do Ministério da Cultura nos
processos de Avaliação de Impacte Ambiental e nas comissões de
acompanhamento de elaboração de Instrumentos de Planeamento e Gestão
do Território;
- a actualização e gestão do sistema de informação Endovélico,
inventário georreferenciado de todo o património arqueológico em
Portugal e instrumento fundamental da Carta Arqueológica Nacional;
- o funcionamento regular das actividades do Parque
Arqueológico do Vale do Côa, bem como o projecto do Museu do Côa,
repetidamente afirmado como uma das prioridades do Ministério da
Cultura.
Com esta situação, a Direcção da APA teme que possa haver graves
perturbações do sector de construção pública e privada que está
dependente da realização de trabalhos arqueológicos, e que se
comprometa o cumprimento das obrigações do Estado face ao património
arqueológico, conforme definido na legislação nacional e nas
directivas comunitárias que o Estado Português ratificou.
Estranhamos que sejam dispensados os trabalhadores que tem sido
agentes da profunda transformação positiva que teve a actividade
arqueológica em Portugal desde a eclosão do “dossier Côa”, e receamos
que se possa retroceder significativamente nas políticas de protecção
e valorização do importante património arqueológico português.
A Direcção da APA vem assim manifestar o seu profundo repúdio pela
decisão tomada pelo Ministério da Cultura e exigir dos responsáveis
políticos uma rápida e eficaz resolução dos problemas decorrentes
desta situação.
A Direcção da Associação Profissional de Arqueólogos
29 de Dezembro de 2007