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[Archport] IGESPAR 2008

To :   archport <archport@ci.uc.pt>, archport-request <archport-request@ci.uc.pt>, "jde@fl.uc.pt" <jde@fl.uc.pt>
Subject :   [Archport] IGESPAR 2008
From :   jarnaud@sapo.pt
Date :   Sun, 30 Dec 2007 20:31:39 +0000

AGRADEÇO A DIVULGAÇÃO DA SEGUINTE  MENSAGEM VIA ARCHPORT:


Caros Colegas:
A leitura das recentes reacções à não renovação em tempo útil dos contratos de avença dos arqueólogos e outros técnicos do IGESPAR suscita-me alguns comentários, que me permito por à consideração da comunidade arqueológica. 1. A situação criada é extremamente grave e lamentável, podendo levar à paralisação de uma parte muito significativa da actividade do IGESPAR, com as inevitáveis consequências nos órgãos da administração central, regional e local, e na actividade empresarial. 2. A reacção de indignação das pessoas directamente afectadas é perfeitamente compreensível, sendo legítimo que tomem as atitudes que entenderem convenientes para serem plenamente ressarcidas dos seus direitos. 3. Importa, no entanto, ter consciência que a situação agora criada é o resultado de uma série de circunstâncias, cujas origens remontam à própria criação do recém extinto IPA, em 1997; ao não preenchimento dos seus quadros técnicos, enquanto havia condições económicas e políticas para o fazer (i.e., antes da demissão do Ministro Carrilho e, consequentemente, do Director Zilhão); à anulação e não reabertura do concurso para arqueólogos do IPA; enfim, à entrada do IPA num lento processo de agonia, após a demissão de Zilhão/Monge, que se prolongou por 7 penosos anos, de "gestão corrente", em que os problemas, longe de ser resolvidos com coragem e determinação, se foram agravando, num verdadeiro efeito de bola de neve, com total desprestígio da instituição. 4. Importa, no entanto, referir, a determinação e o total empenho pessoal de João Pedro Ribeiro que, nos últimos 9 meses tudo tem feito para, numa missão quase impossível, resolver as situações resultantes, por um lado, da situação herdada, e por outro, da desastrosa política de desinvestimento do Estado em todas as área consideradas não imediatamente lucrativas, de desvalorização da função pública e de desarticulação e enfraquecimento dos orgãos da administração central a que se tem assistido nos últimos dois anos, em nome de uma pretensa modernização e racionalização, que não tem outros objectivos senão a redução cega e articial do défice público. 5. Sugerir ou até exigir a demissão imediata de J.P.Ribeiro, como alguns pretendem, à semelhança do que outros fizeram, num passado recente, quando verificaram a inconsequência da fuga para a frente que haviam tentado, e deixaram de ter cobertura política para a sua estratégia de confrontação institucional, afigura-se extremamente injusto. Só o próprio, como Homem honrado, livre e determinado que é, deverá tomar as decisões que melhor entender, quando muito bem entender. 6. A situação de precaridade de emprego dos chamados "avençados" , que agora chegou ao fim, há muito se afigurava insustentável. Importa, agora, exigir do Governo a pronta resolução da situação, mediante a abertura imediata de um concurso público, com um juri idóneo e independente, e a celebração de contratos individuais de trabalho com todos aqueles que demonstraram ter competência técnica e comportamento ético consentâneo com as funções que desempenharam, nalguns casos ao longo de quase uma década, aproveitando a ocasião para separar o trigo do joio... 7. Com efeito, só com funcionários competentes e inteiramente dedicados à causa pública, contratados a tempo inteiro, e em regime de exclusividade, poderá o IGESPAR desempenhar as amplas funções que lhe estão cometidas no domínio da gestão do património arqueológico. 8. Caso tal não aconteça, dentro das próximas semanas, decerto que o próprio JP Ribeiro tomará as atitudes adequadas. Será então necessário denunciar o incumprimento pelo Estado Português das suas responsabilidades em relação ao património arqueológico, à revelia da legislação portuguesa, das directivas comunitárias e das convenções internacionais que ratificou. 9. Resta-me desejar que o ano de 2008 seja o ano da clarificação e da revitalização da Arqueologia Portuguesa, para bem de toda a comunidade arqueológica. Poderá parecer utópico, mas que seria da Humanidade sem esperança e sem utopias ?

José Morais Arnaud
30 de Dezembro de 2008



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