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Re: [Archport] SITUAÇÃO DA ARQUEOLOGIA EM PORTUGAL

Subject :   Re: [Archport] SITUAÇÃO DA ARQUEOLOGIA EM PORTUGAL
From :   Alexandre <no.arame@gmail.com>
Date :   Sat, 5 Jan 2008 18:35:17 +0000

> A ideia do arqueólogo conseguir ser uma classe corporativista procurando a cisão com as outras áreas do conhecimentos é das coisas mais mórbidas que por aqui li ultimamente, simplesmente porque é ímpossivel uma vez que o tradicional arqueólogo tem uma formação deficiente em todas as áreas científicas à excepção da história. Mais uma vez repito que para saber de história basta saber ler, para saber escavar basta saber ver. Qualquer técnico de arqueologia não licenciado é sabido que escava e desenha tão bem como um arqueólogo.


A um arqueólogo - como aliás, a qualquer outro técnico qualificado em
qualquer ramo do saber - não se exige que "saiba história" ou que
"saiba escavar ou desenhar", per si.

Exige-se, isso sim, que domine bem essas competências e esses
conhecimentos e que, dominando-as, produza ciência.

Peguemos na escavação de um naufrágio - pede-se a quem intervém que
seja qualificado em mergulho, se calhar descompressivo e com misturas
respiratórias; que tenha pelo menos carta de marinheiro e utilizar uma
embarcação; que saiba montar e manter equipamento de escavação,
motobombas, compressores, etc.; que entenda de tecnologia náutica e da
sua evolução ao longo dos tempos; que saiba utilizar as tecnologias de
detecção remota, o sonar de varrimento lateral, o perfilador de
sedimentos, o magnetómetro de protões e por aí fora...

Agora, será que alguém dominar SÓ essas técnicas todas faz desse
alguém um arqueólogo? Não: é preciso que esse alguém, utilizando todas
essas técnicas, saiba planear uma intervenção de acordo com os
principios metodologicos em curso, que saiba interpretar o registo
arqueológico e que, utilizando toda uma bagagem de conhecimentos
adquiridos pela experiência, em congressos e principalmente através de
uma leitura aturada e intensiva da bibliografia existente, saiba, para
além de interpretar, propor teorias e criar hipóteses científicas que
integrem aquele sítio subaquático que escavou no corpus científico de
todos os demais sítios inventariados, escavados e, eventualmente,
publicados (já agora, curso algum de universidade alguma em Portugal
habilita qualquer licenciado em arqueologia ab initio a fazer
arqueologia subaquática)


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