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Re: [Archport] Tabelas empresas e afins

To :   <ruipinheiro14@sapo.pt>, Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Tabelas empresas e afins
From :   Frederico Carvalho <fredcarvalho78@hotmail.com>
Date :   Fri, 7 Mar 2008 23:59:13 +0000

Infelizmente o que vou sentido neste fórum é uma tremenda e repetitiva luta ideológica entre os "bons" e os  "pseudo maus"; entre capitalismos e subserviênvias, mas sobretudo entre pessoas pejadas de sentimentos político-ideológicos que fazem de sua actividade(também minha) um espaço de proverbial vaidade para suas afirmações pessoais. As questões políticas, de Esquerdas e Direitas deviam ficar em casa. Aqui o que devíamos estar a discutir era o futuro da Arqueologia e, para isso devemos contar com todos e nunca hostilizar quem, muitas vezes nos dá o pão do dia-a-dia. Seja sandes ou outra refeição mais faustosa. O que é certo é que sem esses capitalistas selvagens, que tiveram o ensejo de se aventurarem num mundo inóspito  sem garantias algumas(muitos deles com piores condições à partida do que alguns dos que aqui os combatem ou denigrem) para tentarem dar à Arqueologia a possibilidade de esta viver nesse tal sistema capitalista. Se ficarmos parados a tentar(ainda) combater o capitalismo não vamos lá!! Temos sim que nos adaptar a ele. Esses empresários agora tão criticados, tiverem esse virtuosismo! Porque eles souberam arriscar quando não tinham garantias, enquanto muitos outros preferem que esses façam o trabalho todo, que sejam os empreendedores, para depois os criticarem ao dizer que fazem pouco e pagam mal! A diferença é tão simples quanto isto; uns trabalharam para tornar a Arqueologia uma actividade rentável e aplicável nesse tal mundo capitalista, outros, num discurso de toada miserabilista persistem em culpar o sistema e o mundo em que vivemos, sacudindo a água do capote de muita inércia, muito comodismo que paira nas suas cabeças. Seria possível salvaguardar muitos dos sítios intervencionados e/ou escavados em sumptuosas obras públicas, por exemplo, sem a existÊncia de empresas do ramo? A verdade é que a criação de empresas permitiu da vazão a modificações legislativas mais restritivas no âmbito da defesa do património cultural, concretamente da Arqueologia. Ou acreditam que seria possível vivermos todos como "freelancers"? Ficaria este saber no limitado e redutor campo/domínio do mundo universitário. E aí sim, podem ter a certeza que só meia dúzia deles enriquecia. Portanto, quer se goste ou não da realidade existente, muito do que já foi feito, redistribuiu por um lado os rendimentos que eram adistrictos à Arqueologia, permitiu a vulgarização do saber(no sentido que qualquer ex-aluno de Arqueologia possa ser titular da sua profissão sem ter que esperar por um apadrinhamento de um doutorado qualquer para iniciar a sua actividade) e, também e mais importante, a protecção de um número muito mais siginficativo de sítios arqueológicos.   
 
Voltando ao futuro da Arqueologia, esta só será credibilizada e ouvida se estiverem todos a uma só voz. Só assim poderia a Arqueologia ter ecos junto de quem tem responsabilidades. Admito pois que a criação de uma ordem, ou até mesmo uma diferente dinamização da APA possam ser parte da solução. Devem os arqueólogos, através destes preferenciais interlocutores, apresentarem aos agentes políticos(sem excepção de partidos ou sensibilidades) as suas causas, as suas ideias e anseios. Agora infelizmente vejo aqui muita crítica gratuita e muita mesquinhez. Nuna tinha visto tanta língua afiada numa actividade como aquela que presisnto entre docentes universitários da área, professores, técnicos e arqueólogos, etc. Chega a ser confrangedor...

Ps: Acreditem ainda assim que não sou empresário da Arqueologia. Sou um mero trabalhador com a sua situação bastante precária...culpo-me também a mim por essa perpetuação, não obstante lutar diariamente para melhorar a minha condição sócio-profissional.
 
Atenciosamente,
 
Frederico Nunes de Carvalho


 


> Date: Fri, 7 Mar 2008 17:48:55 +0000
> From: ruipinheiro14@sapo.pt
> To: Archport@ci.uc.pt
> Subject: [Archport] Tabelas empresas e afins
>
> Tenho estado com atenção à discussão neste meio acerca das empresas e
> tabelas salariais, embora ache que isto não vá passar de águas de
> bacalhau.
> É uma grande hipocrisia falar de salários etc quando a maioria das
> pessoas que trabalham neste meio trabalham a recibos verdes; eu
> trabalho há mais de uma década em arqueologia a recibos verdes sem
> férias sem direitos nenhuns.
> Primeiro ponto- o principio dos recibos verdes é que está errado,
> existem contratos a termo certo inferiores e superiorres a 6, 3 meses
> Segundo ponto-em Portugal, eu falo com conhecimento próprio, quer a
> pessoa trabalhe muito ou não, quer tenha experiência ou não geralmente
> as empresas pagam a mesma cois a uns e a outros, o que me leva a uma
> conclusão aqui não vale a pena ser bom profissional, trablhar bem e
> depressa se afinal recebe o mesmo.Este tipo de atitude das empresas
> não fomenta a competitividade das próprias empresas.
> Terceiro ponto- as tabelas, os mínimos salariais têm que partir das
> próprias pessoas.Eu não trabalho abaixo de um mínimo, quer na minha
> ârea de residência quer fora.Eu sou Assistente de Arqueólogo e
> acreditem recebo bem mais do que a maioria dos arqueólogos em Portugal
> e não me tem faltado trabalho neste Portugal.
> Quarto ponto-para pedir, exigir as pessoas têm que produzir, ser
> competitivos, tentar cumprir prazos para as empresas facturaram mais,
> assim talvez elas possam pagar mais um bocado.
> Quinto ponto- as empresas se querem ser competitivas tem que contratar
> bons profissionais e não os amigos ou quem lhes dá jeito para isto ou
> aquilo mas sim pessoas capazes.
> Sexto ponto- muitas vezes as empresas aproveitam-se dos jovens
> licenciados, mas uma coisa é certa estes não são devidamente
> preparados para o mercado de trabalho.O mercado de trabalho não quer
> investigadores ou "pseudo-investigadores" o que este quer são técnicos
> capazes de resolver problemas concretos, pelo menos fazer uma
> diacronia dos locais, o que a maioria não é capaz, assim estas pessoas
> vendem a sua força de trabalho muito baixa, minando um mercado que já
> de si é mal pago e precário.
> Já agora, chamo-me Rui Pinheiro sou Assistente de Arqueólogo,
> Arqueólogo( acabado de concluir a licenciatura), escavo hà 15 anos e
> profissionalmente há 11.
> Boa tarde.
> Rui Pinheiro
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