Re: [Archport] Tabelas empresas e afins
> Portanto, quer se goste ou não da realidade existente, muito do
> que já foi feito, redistribuiu por um lado os rendimentos que eram
> adistrictos à Arqueologia, permitiu a vulgarização do saber(no sentido que
> qualquer ex-aluno de Arqueologia possa ser titular da sua profissão sem ter
> que esperar por um apadrinhamento de um doutorado qualquer para iniciar a
> sua actividade)
Ninguém nasce ensinado nem ninguém termina um curso de arqueologia a
saber trabalhar no terreno - essa "vulgarização do saber" a mim
causa-me certos engulhos.
Eu, por exemplo, seria uma desgraça se tivesse que identificar uma
estação romana, ou um acampamento do paleolítico, ou uma sepultura
proto-histórica - assim como acredito que muitos daí desse lado seriam
uma desgraça a identificar pedras de lastro ou as cavernas-mestras por
sob a carlinga do mastro de um navio ibero-atlântico. Ora, este saber
"prático" não vem nos livros - por muito que se leia sobre cerâmica de
paredes finas ou por mais imagens que se vejam dela na bibliografia
nada substitui o ensinamento, feito no terreno, por alguém que saiba o
que anda a fazer, chamemos-lhe padrinho, tutor ou patrono. Daí achar
importantissimo que não seja confiada a direcção arqueológica de um
qualquer campo a um recém-licenciado inexperiente bem como achar
eticamente reprovável lançar-se para o terreno alguém inexperiente sem
que seja, constante e permanentemente
acompanhado/supervisionado/tutoriado por um arqueólogo experiente.
Alexandre Monteiro
alexandre.monteiro@gmail.com
http://www.alexandre-monteiro.blogspot.com/