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[Archport] FW: Olivicultura Espanhola no alentejo vs. Património e Ambiente

To :   <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] FW: Olivicultura Espanhola no alentejo vs. Património e Ambiente
From :   Frederico Carvalho <fredcarvalho78@hotmail.com>
Date :   Thu, 27 Mar 2008 15:13:07 +0000

 
 



From: fredcarvalho78@hotmail.com
To: archport-bounces@ci.uc.pt
Subject: Olivicultura Espanhola no alentejo vs. Património e Ambiente
Date: Thu, 27 Mar 2008 15:12:19 +0000


Não sei se virem hoje uma reportagem da Sic sobre o regime super intensivo de olivicultura no Alentejo patrocinado por empresários espanhóis que têm vindo a adquirir uma grande parcela dos latifúndios alentejanos. Essa reportagem baseou-se numa denúncia da quercus que alertava para a massificação dos campos do Alentejo, sobretudo do distrito de Beja com olivais em regime super-intensivo, com graves prejuízoa para o ambiente, com especial destaque para o abate ilegal de centenas de azinheiras e sobreiros(espécies protegidas por lei).
 
 
Nessa reportagem, os empresáreios espanhóis recusaram falar, perguntando ainda assim ao enviado da Sic no terreno, Luís Rego, se os alentejanos e portugueses preferiam ter os campos abandonados como até à sua chegada, evitando-se responder ao concretamente perguntado.
 
Mas mais que a danificação do ambiente que, segundo ecologistas, supõe(a olivicultura) a criação de uma monocultura, sem qualquer biodiversidade, com graves reprecussões na fauna e flora existentes,  pergunto eu, quanto sítios arqueológicos já foram irremediavelmente destruídos?
 
Lembro-me que em 2006 tive oportunidade de trabalhar numa escavação de emergência perto de Baleizão, numa exploração onde se transformava a cultura vigente para a olivicultura  super-intensiva, curiosamente no local chamado como cidade dos Pilares. Foi feita uma denúncia e o IPA actuou junto do proprietário que sabia de antemão da localização deste topónimo e de imensos materiais à superfície que aí brotavam. O que é certo é que, como a Quercus denúncia, só nesta zona, falamos na reconversão de mais de 6000ha de terras para olivicultura super-intensiva, com todas as consequências que daí advêem. como por exemplo, da abertura de valas por intermédio de um "ripper" que podem ir de 0.80m a 1.20m de profundidade, para plantação de oliveiras e colocação de rega gota-a-gota.
 
Pergunto eu como tem sido feita a fiscalização deste mais de 6000ha só na zona da raia do distrito de Beja com Espanha?
Pergutno eu como é possível que 2 arqueólogos avençados, que nem sei se ainda estão em função no novo IGESPAR e que muito estimo, podem ter mãos a medir para tanto trabalho, no meio de aprovação de relatórios, fiscalização de acompanhamentos, escavações científicas e de emergência?
 
Têm as nossas autoridades competentes, estado atentas a esta realidade? O que têm feito pela preservação do nosso património cultural e arqueológico?
 
Julgo que esta era mais uma oportunidade de ouro da Associação Profissional de Arqueólogos para evidenciar trabalho no seu âmbito e demonstrar sentido de responsabilidade e, mais que tudo, conhecimento da realidade. É pena que tanto as nossas autoridades, como quem nos devia defender e representar, se resumam a reagir, ao invés de agir em conformidade com as várias situações que vão surgindo.
 
Sou um acérrimo defensor desta instituição, mas se ela se resume a aparecer esporadicamente, em tom de reacção, sem uma justificação integrada numa conduta de rigor, de continuidade e de conhecimento de causa, não sei para que se justifica a sua existência?
Como é possível que ninguém da APA tivesse actuado neste sentido junto do IGESPAR, e do próprio Ministério da Cultura?
 
Ficam muitas perguntas e receios de um técnico de Património Cultural.
Saudações a todos e espero que juntos possamos resolver esta dramática situação.
 
 


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