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Re: [Archport] FW: Olivicultura Espanhola no alentejo vs. Património e Ambiente

To :   archport@ci.uc.pt, "Frederico Carvalho" <fredcarvalho78@hotmail.com>
Subject :   Re: [Archport] FW: Olivicultura Espanhola no alentejo vs. Património e Ambiente
From :   "Francisco Lemos" <sandelemos@gmail.com>
Date :   Thu, 27 Mar 2008 16:53:40 +0000

Boa tarde!
Muita oportuna esta intervenção sobre a Olivicultura intensiva. Concluo que depois das campanhas cerealíferas do Estado Novo, da Reforma Agrária do Partido Comunista Português, os solos do Alentejo, já por si pouco espessos, vão sofrer mais uma vaga de destruições de sítios arqueológicos.
Para o Litoral Alentejano o dono da Portucel (suponho que este é nome da empresa) pediu ao Primeiro Ministro o plantio intensivo de eucalipto, pois de outro modo, ameaçou, iria construir uma nova fábrica em África ou no Brasil. O Primeiro Ministro, tanto quanto a reportagem relatou não respondeu, mas ajudou a plantar o que me pareceu ser um eucalipto, embora com um ar bastante contrariado.
Entretanto no Douro, vai construir-se a barragem de Foz Tua, cujos benefícios económicos foram questionados pelo jornalista Manuel Carvalho num excelente editorial impresso no Público.
O Presidente da República, o Governo e a Assembleia da República têm de informar que projecto pretendem para Portugal, e se haverá espaço livre para Desenvolvimento Sustentado e Turismo, ou se são palavras ocas e de circunstância.
FSL 

2008/3/27 Frederico Carvalho <fredcarvalho78@hotmail.com>:
 
 



From: fredcarvalho78@hotmail.com
To: archport-bounces@ci.uc.pt
Subject: Olivicultura Espanhola no alentejo vs. Património e Ambiente
Date: Thu, 27 Mar 2008 15:12:19 +0000


Não sei se virem hoje uma reportagem da Sic sobre o regime super intensivo de olivicultura no Alentejo patrocinado por empresários espanhóis que têm vindo a adquirir uma grande parcela dos latifúndios alentejanos. Essa reportagem baseou-se numa denúncia da quercus que alertava para a massificação dos campos do Alentejo, sobretudo do distrito de Beja com olivais em regime super-intensivo, com graves prejuízoa para o ambiente, com especial destaque para o abate ilegal de centenas de azinheiras e sobreiros(espécies protegidas por lei).
 
 
Nessa reportagem, os empresáreios espanhóis recusaram falar, perguntando ainda assim ao enviado da Sic no terreno, Luís Rego, se os alentejanos e portugueses preferiam ter os campos abandonados como até à sua chegada, evitando-se responder ao concretamente perguntado.
 
Mas mais que a danificação do ambiente que, segundo ecologistas, supõe(a olivicultura) a criação de uma monocultura, sem qualquer biodiversidade, com graves reprecussões na fauna e flora existentes,  pergunto eu, quanto sítios arqueológicos já foram irremediavelmente destruídos?
 
Lembro-me que em 2006 tive oportunidade de trabalhar numa escavação de emergência perto de Baleizão, numa exploração onde se transformava a cultura vigente para a olivicultura  super-intensiva, curiosamente no local chamado como cidade dos Pilares. Foi feita uma denúncia e o IPA actuou junto do proprietário que sabia de antemão da localização deste topónimo e de imensos materiais à superfície que aí brotavam. O que é certo é que, como a Quercus denúncia, só nesta zona, falamos na reconversão de mais de 6000ha de terras para olivicultura super-intensiva, com todas as consequências que daí advêem. como por exemplo, da abertura de valas por intermédio de um "ripper" que podem ir de 0.80m a 1.20m de profundidade, para plantação de oliveiras e colocação de rega gota-a-gota.
 
Pergunto eu como tem sido feita a fiscalização deste mais de 6000ha só na zona da raia do distrito de Beja com Espanha?
Pergutno eu como é possível que 2 arqueólogos avençados, que nem sei se ainda estão em função no novo IGESPAR e que muito estimo, podem ter mãos a medir para tanto trabalho, no meio de aprovação de relatórios, fiscalização de acompanhamentos, escavações científicas e de emergência?
 
Têm as nossas autoridades competentes, estado atentas a esta realidade? O que têm feito pela preservação do nosso património cultural e arqueológico?
 
Julgo que esta era mais uma oportunidade de ouro da Associação Profissional de Arqueólogos para evidenciar trabalho no seu âmbito e demonstrar sentido de responsabilidade e, mais que tudo, conhecimento da realidade. É pena que tanto as nossas autoridades, como quem nos devia defender e representar, se resumam a reagir, ao invés de agir em conformidade com as várias situações que vão surgindo.
 
Sou um acérrimo defensor desta instituição, mas se ela se resume a aparecer esporadicamente, em tom de reacção, sem uma justificação integrada numa conduta de rigor, de continuidade e de conhecimento de causa, não sei para que se justifica a sua existência?
Como é possível que ninguém da APA tivesse actuado neste sentido junto do IGESPAR, e do próprio Ministério da Cultura?
 
Ficam muitas perguntas e receios de um técnico de Património Cultural.
Saudações a todos e espero que juntos possamos resolver esta dramática situação.
 
 


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