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Re: [Archport] (sem assunto)

To :   "Joao Paulo Pereira" <Joaop@inag.pt>
Subject :   Re: [Archport] (sem assunto)
From :   "Maximino Ramos" <maximino.romao.ramos@gmail.com>
Date :   Fri, 16 May 2008 11:41:46 +0100

Caro Silvério,

vou tentar ser mais especifico então, obviamente sem mencionar entidades.

Visto que o meu comentário possa ter sido ofensivo, quero em primeiro
lugar pedir as minhas sinceras desculpas.

Obviamente que não estava a referir-me há grande maioria de
Associações de Arqueologia que ao longo de muitos anos têm vindo, com
esforços por vezes surreais a desenvolver excelentes trabalhos e a
contribuir notavelmente para o desenvolvimento da investigação em
Portugal. Contudo existem de facto Associações, ou melhor, membros de
Associações que actualmente ou no passado usaram-nas com esse
objectivo, o Sr. não conhece mas eu conheço, e dai o meu baptismo de
"Associações SA".

Também não era minha pretensão fazer o mesmo raciocínio com os
Politécnicos ou Universidades. Mas não posso deixar de comentar o
facto de um, pelo menos um Politécnico, recentemente ter ganho a
concretização de uma obra. E sem estar muito por dentro do assunto,
prevejo um cenário que não é muito difícil de antecipar. Os alunos de
arqueologia desse Politécnico vão certamente deixar de fazer
disciplinas sentados em carteiras para as fazer no campo. E para quem
são as mais valias produzidas por esses alunos, que não vou receber
remunerações nenhumas.

E faço daqui a ponte para o comentário caro João Paulo Pereira.

Vou tentar sem breve para a explicar a relação alvarás vs precariedade.

Salvo raras excepções o que temos actualmente no mundo da arqueologia
empresarial é o seguinte:

Empresas que trabalham efusivamente com recibos verdes, e encaram cada
um desses profissionais como dois braços meramente.
Para ganharem concursos fazem baixar orçamentos ao ridículo, porque
sabem bem que existe sempre um qualquer desempregado ou recem
licenciado que necessita de trabalho e trabalha a qualquer preço, por
vezes a perder dinheiro e tudo. E esta espiral tem arrastado     um
conjunto enorme de situações de precariedade. Empresas que não se
responsabilizam pelas suas coordenações cientificas, que acabam por
responsabilizar o arqueolog@  por desempenhos menos bons.

Foi esta espiral que desacreditou a Arqueologia nacional, foi esta
espiral que cometeu enormes atentados contra o património do nosso
Pais, foi esta espiral que nos empurrou a todos para a maior das
precariedades laborais.

Esta espiral de Empresas mercenárias, precariedade extrema laboral e
falta de coragem e inercia da tutela, que nos arrastou para esta
situação.

O IPA / IGESPAR já teve ou não mais credibilidade do que tem hoje?
Todos nós, profissionais da Arqueologia tinhamos ou não ordenados
superiores há 7/ 8 anos atrás (pós Alqueva) ou não?

Há falta de etica, código, conduta e sentido de classe, praticado pela
maioria das empresas, do meu ponto de vista só a regulamentação do
sector pode dignificar o mundo empresarial e os profissionais da
Arqueologia. E isso só acontecerá com a atribuição de alvarás a
empresas.

Quando todos as empresas tiverem um alvará, certamente farão e
orientarão toda a sua actividade para não o perder, porque isso
implica não poderem trabalhar.

Logo, vão querer profissionais que lhes assegurem isso.
Logo vão ter coordenações cientificas credíveis que acima de tudo lhes
garantam que vão fazer bons trabalhos.
Logo vão ter a preocupação de ter bons profissionais a trabalhar nas
suas empresas.
Logo vão querer que quando acabem os trabalhos, façam bons relatórios
para a fiscalização os aprovar, porque caso contrário vão perder os
seus alvarás.
Logo para pagar a bons profissionais, para pagar um bom tratamento de
materiais que lhes viabilizem um bom relatório vão ter subir o valor
das suas propostas.

É mais ou menos esta a lógica, logica de sobretudo inversão do que se
passa hoje, de técnic@s a trabalhar por 30 euros e arqueólog@s a
coordenar por 40 euros, por vezes sem carro, sem alojamento sem
alimentação, sem computador e sem dias para relatório.

Esta poderá não ser a melhor das soluções, é pelo menos aquela em que
acredito que invertesse a espiral de precariedade que a classe dos
profissionais da arqueologia enfrenta diariamente.

Era engraçado continuarmos o debate.

Cumprimentos a todos e a todas

Maximino Romão Ramos






2008/5/15 Joao Paulo Pereira <Joaop@inag.pt>:
> A relação entre alvarás e a precariedade parece-me ... precária, senão vejamos: a instituição mais institucionalizada do país, o Estado, tem muitos precários e ainda vai ter mais ...
>
> João Paulo Pereira
>
> Nota: Esta mensagem não implica qualquer compromisso de qualquer tipo da instituição.
>
>
> ---------- Mensagem encaminhada ----------
> From: "Maximino Ramos" <maximino.romao.ramos@gmail.com>
> To: <jarnaud@sapo.pt>
> Date: Thu, 15 May 2008 13:28:03 +0100
> Subject: Re: [Archport] (sem assunto)
> Ora ai está! Nem mais.
> Ao mundo precário da Arqueologia empresarial juntam-se agora as
> "Associações SA" e os PolitécnicosEmpresa, ao abrigo de estatuto de
> Investigação, todos  pretendem acima de tudo encher os bolsos com a
> riqueza produzida por alunos de arqueologia e recem licenciados
> inocentes.
>
> Enquanto os alvarás para as empresas são meramente uma miragem, o que
> a médio e longo prazo fariam eliminar tanta precariedade laboral,
> tantos trabalhos medíocres e de destruição de património, há quem se
> aproveite do vazio de legislação, de código, ética e conduta, para
> amealhar furtunas.
>
> Ás estruturas nacionais não cabe apenas autorizar ou fiscalizar
> trabalhos arqueológicos, é fundamental que exista uma preocupação e um
> sentido de responsabilidade de classe.
>
> Apenas uma miragem!
>
> Mas há sinais que alguma coisa está a mudar, se não vejamos, quantos
> mails enchem o nosso correio electrónico de pedidos urgentes  da
> OZECAROS para formar equipas. Se calhar a malta já distingue escavação
> de ESCAVACAÇÃO e já não arrisca o nome nem o futuro profissional em
> qualquer lado em qualquer empresa.
>
> Assim  sobrevivemos no mundo precário da arqueologia empresarial nacional.
>
> Maximino Romão Ramos
> (Assistente de Arqueologo/Técnico de Arqueologia)
>
>
> 2008/5/15  <jarnaud@sapo.pt>:
>>
>> MAS AFINAL A  DITA "ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE INVESTIGAÇÃO
>> ARQUEOLÓGICA" É UMA ASSOCIAÇÃO DE ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES DEDICADA À
>> INVESTIGAÇÃO ARQUEOLÓGICA, OU MAIS UMA EMPRESA DE ARQUEOLOGIA, QUE USA
>> UMA DESIGNAÇÃO ABUSIVA E ENGANOSA, PARA EXPLORAR ARQUEÓLOGOS INCAUTOS,
>> EM REGIME PRECÁRIO  ?
>>
>> JOSÉ MORAIS ARNAUD
>> PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES
>>
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> Maximino Romão Ramos
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