Andreia Arezes tem 28 anos. Há seis, terminou o curso de História vertente Arqueologia na Faculdade de Letras do Porto, até ganhou um prémio por ter sido a melhor aluna do curso, mas a recompensa que a jovem realmente queria, um emprego estável, essa ainda não chegou.
Nestes seis anos, a vida desta jovem arqueóloga tem estado sob o signo da precariedade. «Trabalho dois meses numa empresa, três meses noutra... sempre a recibos verdes e sem contrato. A situação mais estável que tive foi estar dois anos a recibos verdes na mesma empresa. Eram para ser só três semanas, mas a empresa foi ganhando concursos e eu fui ficando». Apesar de tudo, a estabilidade era relativa, já que a qualquer momento, o trabalho poderia acabar.
Apesar de tudo, Andreia tem tido sorte. «O máximo que estive foram dois meses e meio sem trabalho», só que ter emprego não é tudo. «À partida até parece que não pagam mal. Costumo receber 60 euros por dia, só que, raramente os trabalhos são em Viana do Castelo (cidade onde mora) e se tiver que ir para fora sou eu que tenho de pagar estadia, transporte, alimentação... depois ainda é preciso descontar Iva e os 150 euros de Segurança Social. Acaba por sobrar pouco», conta.
Perante esta situação, «os planos para o futuro ficam muito condicionados». Andreia continua a viver com os pais e sem perspectivas de poder assumir despesas fixas, já que não tem rendimentos fixos. Isto tudo apesar de a jovem garantir que até tem um «bom currículo profissional».
«De 20, só dois têm contrato»
Olhando em volta, Andreia descreve o panorama como «muito mau». Os colegas de curso estão quase todos na mesma situação. «Alguns, poucos, tiveram sorte ou cunha e entraram para uma câmara, o resto está como eu. Na minha empresa somos 20 e só dois têm contrato».
Por isso, Andreia já pensou em trabalhar noutra área. «De vez em quando tento, mas como tenho uma formação muito específica, não é fácil», conta. O problema também é que a jovem adora o que faz. «Ainda não encontrei nada que me desse tanto prazer como estudar ou trabalhar nesta área», conta, só que «as contrariedades, por vezes, superam o prazer».
Com o cenário negro que a jovem vê em Portugal, já pensa em juntar-se ao movimento de fuga de cérebros que tem marcado o panorama português dos últimos anos, mas «nem isso é fácil. Ir para fora , normalmente é em equipas já constituídas ou por cunhas», conta
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