A GENERALIZAÇÃO DOS MESTRADOS E DOUTORAMENTOS
Aqui há uns anos a maioria dos rapazes quando saía
da escola primária não era brincar, nem continuar os estudos, infelizmente. O
trabalho esperava-os. Poucos seguiam para os seminários porque a
“vocação” os chamava ou porque assim podiam instruir-se mais facilmente
e, um grupo muito pequeno, tiravam então um curso superior.
Mas falando
do grande grupo dos trabalhadores que começavam a trabalhar, a
“progressão” estava mais ou menos instituída socialmente. O primeiro
“dinheirito” era para a bicicleta, mais tarde para a motorizada, depois
assentavam praça e, por fim, o namora rápido e o casamento.
Parece que hoje em dia é o que se passa aos
estudantes portugueses. Felizmente já não ficam pelo primeiro ou segundo
ciclo. Vão andando pela escola, uns até se chatearem, outros para tirar um
curso que dê dinheiro (mesmo que não lhes diga muito) e outros ainda, para
lutarem por aquilo que sempre desejaram.
E, tirar hoje em dia a
licenciatura, pós-graduações, mestrados, doutoramentos e afins acaba, em
muitos casos (existem honrosas excepções que assim não são) por se
assemelhar ao processo rotineiro referido acima, desde a compra da bicicleta
até ao casar.
Sabendo nós que os mestrados e doutoramentos
deverão ser estudos que contribuam significativamente para a evolução da
sociedade, tanto conhecendo-a sociologicamente melhor, como encontrando
materiais, técnicas e modelos que a façam evoluir, exige-se a pergunta: estes
estudos, hoje, contribuem mais para a sociedade ou para os C.V de quem os tira?
É que se for só para dar corpo a caprichos ou vaidades pessoais andamos todos
a gastar tempo e dinheiro.
Quantas teses de mestrado e doutoramento estão
nas prateleiras das bibliotecas das universidades em que ninguém lhes pega,
excepto o seu autor quando é para mostrar ao amigo ou ao primo ou tio afastado
que vem do estrangeiro?
Mas esta lógica é, pelos vistos, para manter e
para reforçar com a visão economicista que tomou conta dos recentes governos
e universidades. É cada vez mais essencial tirar-se um mestrado ou um
doutoramento, independentemente da sua qualidade. O que conta agora é o
dinheiro que pode ser gerado com uma maior quantidade de alunos a
frequentá-los, nem que para isso se dêem falsas expectativas aos alunos.
A massificação do ensino é importante, os
mestrados e os doutoramentos também o são. Não podemos é continuar a
tirá-los só porque saímos das licenciaturas e não temos emprego. Devemos
todos, ser cada vez mais instruídos, não para suportar as universidades, mas
para que a mais-valia do que investigamos possa contribuir para o bem comum.
Penso que uma das poucas áreas em que isso ainda vai acontecendo, é na
saúde.
É preciso pensar a educação como um todo e não
“bairro-a-bairro” e, cabe ao estado gerir e financiar toda esta máquina,
pois a educação é a “enxada” do séc. XXI. Os privados têm um papel
importante a desempenhar, não podendo ser, no entanto, eles a decidirem e a
obrigarem o poder político a ajoelhar-se cada vez mais aos seus pés. Já
basta o que se passa na economia.
Rui Luzes Cabral
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