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Re: [Archport] Opinião Expresso Miguel Sousa Tavares

To :   <Archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Opinião Expresso Miguel Sousa Tavares
From :   ArqueoSub - Arqueologia, Património e Ambiente <arqueosub@gmail.com>
Date :   Wed, 9 Jul 2008 23:37:02 +0100

Caro Filipe Santos,

Leia os relatórios de mais de 10 anos de escavações e levantamentos de arte no Côa que provam cientificamente a autenticidade e o largo espectro de datacções das gravuras.

 

Numa coisa pode ter razão: o museu, importante ponto estratégico para o desenvolvimento do turismo cultural anunciado, como marca de devolução às pessoas do conhecimento produzido com os impostos (com que contribuíram) investidos na cultura  que demora a ser construído. Mas isso é consequência de vontades políticas, não dos cientistas.

 

Depois de ter lido os relatórios, dê de novo a sua esclarecida opinião e ajude tambem o MST a esclarecer a sua.

 

Com todo o respeito,

Pedro Neto

 

 

 

From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Filipe Santos
Sent: quarta-feira, 9 de Julho de 2008 22:11
To: Archport@ci.uc.pt
Subject: Re: [Archport] Opinião Expresso Miguel Sousa Tavares

 

Concordo com a opinião de Miguel Sousa Tavares. Já há muito que defendo serrarem as pedras, meterem debaixo de telha num museu criado para o efeito com umas fotos das sua localização original de modo a poder ser feita a barragem.

As gravuras deixam muitas dúvidas e só por má fé os especialistas podem afirmar que são 100% genuínas. Não me admirava que um dia se provasse que este é um grande embuste. A defesa do Sabor um dos últimos rios selvagens da europa é por demais importante!

 

filipe



 

2008/7/9 Tiago Fontes <liberdadesempre@gmail.com>:

Olá a todos.

 

Gostaria de partilhar esta pérola de opinião douta e sustentada por parte de um dos mais reputados opinion makers de Portugal, Miguel Sousa Tavares publicada no Expresso de 5 de Julho de 2008, na sua primeira parte sobre Foz Côa:

 

"1 A história das gravuras de Foz Côa e da futura barragem do Sabor é uma lição exemplar dos malefícios da demagogia, servida na política. Guterres tinha acabado de chegar a primeiro-ministro e, dos disponíveis dos Estados Gerais, foi buscar para ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho (que, depois e quando a nave socialista começou a meter água, foi o primeiro a saltar fora e, desmentindo a máxima de Guterres de que 'Roma não paga a traidores', acaba por ser compensado com o melhor tacho de todo o Estado português - o de embaixador na UNESCO). Juntos à época, Guterres e Carrilho resolveram inaugurar o mandato com uma decisão grandiosa: cancelava-se a barragem de Foz Côa, já em construção, e a benefício da preservação de uns tacanhos rabiscos numas pedras, que alguns 'sábios' e alguns oportunistas decretaram ser gravuras paleolíticas. E nem a desfeita causada pela maior autoridade mundial na matéria - que, levado a ver os rabiscos, sentenciou que o suposto Paleolítico teria entre trinta e trezentos anos - abalou o entusiasmo e a determinação dos então governantes em jurar que, a partir daí, o património cultural teria prioridade sobre tudo o resto.
 
A barragem prevista foi, pois, suspensa e, quanto às gravuras, sabe-se o que aconteceu: as prometidas excursões de milhares e milhares de portugueses e europeus previstas jamais aconteceram; o novo modelo de 'turismo cultural', que ali se iniciaria, foi nado-morto; não aconteceram os trabalhos científicos anunciados nem o interesse mundial naquela fantástica descoberta. Em contrapartida, arranjou-se uns lugares vitalícios para funcionários do Paleolítico e, vá lá, vá lá, desistiu-se de lhes fazer a vontade gastando mais uns milhões num museu sem conteúdo e sem qualquer viabilidade económica. Mas a barragem fazia falta à EDP e fazia falta à regularização do curso navegável do Douro. Por isso, não avançando Foz Côa, avança a barragem do Sabor, cuja construção Sócrates acaba de adjudicar.

Acontece que o Sabor, para quem não conhece, é, talvez, o mais bonito rio de Portugal, o mais preservado, o mais selvagem. Se passassem nas televisões um filme sobre os rabiscos de Foz Côa e outro sobre o curso do Sabor, as pessoas ficariam chocadas ao perceber aquilo que se decidiu preservar e aquilo que se decidiu destruir. O suposto Paleolítico derrotou o presente e o futuro. A invocada cultura afogou a beleza - um contra-senso filosófico que nem o dr. Carrilho conseguiria explicar. Nós destruímos os rios (e em nome do 'ambiente', como explicou Sócrates) e depois gastamos dinheiro a construir, e ainda bem, fluviários para explicar às criancinhas o que é um rio. O problema é que, se as "gravuras não sabem nadar", os rios não sabem protestar. E é assim que se governa, quando o mais fácil é ceder à demagogia."

Saudações a todos,

Tiago Fontes.

 


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