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Re: [Archport] Opinião Expresso Miguel Sousa Tavares

Subject :   Re: [Archport] Opinião Expresso Miguel Sousa Tavares
From :   romana.nunes@iol.pt
Date :   Thu, 10 Jul 2008 12:15:15 +0100

Depois de ler esta opinião tão conhecedora da arte paleolítica
nacional e mundial (qual UNESCO qual quê, o que conhecem esses
senhores de património para terem nomeado Foz Côa Património da
Humanidade apenas quatro anos após a sua descoberta?)só me surge um
comentário: penso que o Parque Arqueológico do Vale do Côa (já não
falando no Ministério da Cultura através do organismo que tutela o
património arqueológico nacional, uma vez que pelos últimos
acontecimentos parece não andar muito preocupado com este património -
é apenas uma opinião minha) deveria enviar uma carta de reposta a este
senhor para o jornal Expresso a explicar-lhe o que é arte paleolítica
e as actividades que este Parque tem vindo a desempenhar no âmbito da
investigação do rico e único património artístico presente no Vale e a
nível de apoio ao turista.
É certo que na maioria das vezes este tipo de comentários nem merece
grande resposta, mas neste caso trata-se de uma crónica de um jornal
lido por milhares de Portugueses, a qual só irá contribuir ainda mais
para o desconhecimento do real valor deste património que, além de ser
mundial, é particularmente dos portugueses, e do qual se deveriam
sentir orgulhosos em preservar. Isto só pode acontecer se forem bem
informados por quem de facto sabe do assunto.

Romana Nunes



----- Mensagem de liberdadesempre@gmail.com ---------
     Data: Wed, 9 Jul 2008 20:49:23 +0100
       De: Tiago Fontes <liberdadesempre@gmail.com>
Responder Para: Tiago Fontes <liberdadesempre@gmail.com>
  Assunto: [Archport] Opinião Expresso Miguel Sousa Tavares
     Para: Archport@ci.uc.pt


Olá a todos.



Gostaria de partilhar esta pérola de opinião douta e sustentada por parte de
um dos mais reputados opinion makers de Portugal, Miguel Sousa Tavares
publicada no Expresso de 5 de Julho de 2008, na sua primeira parte sobre Foz
Côa:



“1 A história das gravuras de Foz Côa e da futura barragem do Sabor é uma
lição exemplar dos malefícios da demagogia, servida na política. Guterres
tinha acabado de chegar a primeiro-ministro e, dos disponíveis dos Estados
Gerais, foi buscar para ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho (que,
depois e quando a nave socialista começou a meter água, foi o primeiro a
saltar fora e, desmentindo a máxima de Guterres de que 'Roma não paga a
traidores', acaba por ser compensado com o melhor tacho de todo o Estado
português - o de embaixador na UNESCO). Juntos à época, Guterres e Carrilho
resolveram inaugurar o mandato com uma decisão grandiosa: cancelava-se a
barragem de Foz Côa, já em construção, e a benefício da preservação de uns
tacanhos rabiscos numas pedras, que alguns 'sábios' e alguns oportunistas
decretaram ser gravuras paleolíticas. E nem a desfeita causada pela maior
autoridade mundial na matéria - que, levado a ver os rabiscos, sentenciou
que o suposto Paleolítico teria entre trinta e trezentos anos - abalou o
entusiasmo e a determinação dos então governantes em jurar que, a partir
daí, o património cultural teria prioridade sobre tudo o resto.

A barragem prevista foi, pois, suspensa e, quanto às gravuras, sabe-se o que
aconteceu: as prometidas excursões de milhares e milhares de portugueses e
europeus previstas jamais aconteceram; o novo modelo de 'turismo cultural',
que ali se iniciaria, foi nado-morto; não aconteceram os trabalhos
científicos anunciados nem o interesse mundial naquela fantástica
descoberta. Em contrapartida, arranjou-se uns lugares vitalícios para
funcionários do Paleolítico e, vá lá, vá lá, desistiu-se de lhes fazer a
vontade gastando mais uns milhões num museu sem conteúdo e sem qualquer
viabilidade económica. Mas a barragem fazia falta à EDP e fazia falta à
regularização do curso navegável do Douro. Por isso, não avançando Foz Côa,
avança a barragem do Sabor, cuja construção Sócrates acaba de adjudicar.

Acontece que o Sabor, para quem não conhece, é, talvez, o mais bonito rio de
Portugal, o mais preservado, o mais selvagem. Se passassem nas televisões um
filme sobre os rabiscos de Foz Côa e outro sobre o curso do Sabor, as
pessoas ficariam chocadas ao perceber aquilo que se decidiu preservar e
aquilo que se decidiu destruir. O suposto Paleolítico derrotou o presente e
o futuro. A invocada cultura afogou a beleza - um contra-senso filosófico
que nem o dr. Carrilho conseguiria explicar. Nós destruímos os rios (e em
nome do 'ambiente', como explicou Sócrates) e depois gastamos dinheiro a
construir, e ainda bem, fluviários para explicar às criancinhas o que é um
rio. O problema é que, se as "gravuras não sabem nadar", os rios não sabem
protestar. E é assim que se governa, quando o mais fácil é ceder à
demagogia.”

Saudações a todos,

Tiago Fontes.






----- Fim da mensagem de liberdadesempre@gmail.com -----




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