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Via romana destruída para instalar esgotos e águas

A autarquia diz estar disposta a remediar a situação. Igual é que não ficará pois os romanos tinham uma técnica especial de edificação das vias.

O troço de calçada romana situada junto à Igreja Paroquial de Mosteiro de Fráguas, concelho de Tondela, foi destruído durante as obras de extensão da rede da água e saneamento. As lages de maior porte que pavimentavam a estrada foram retiradas, tendo sido colocadas  num terreno junto ao acesso. Os populares, que presenciaram o desenrolar das obras, afirmam que grande parte das rochas que constituíam a via ficaram soterradas.A intervenção, da responsabilidade da autarquia de Tondela, decorreu há cerca de 15 dias e tem como finalidade servir o centro paroquial que está a ser construído junto à Igreja da localidade.A autarquia garante que  irá recolocar as lages, uma vez que a obra foi acompanhada por um arqueólogo e foi feito o levantamento fotográfico da calçada. "Não havia outra solução, tivemos de intervir sobre a via romana", reforça o vereador do património, José António de Jesus. O vereador salienta que parte da via já estava "adulterada" e que a reconstituição terá por b
 ase as imagens realizadas pelo arqueólogo.Sem adiantar prazos, José António de Jesus admite que a reedificação da via será feita depois de os "solos ganharem estabilidade". "Não queremos que haja interferências na estrutura, ou que a calçada depois sofra abatimentos", explica.A estrada ligava a localidade ao mosteiro datado do século X, que acabou por ser desagregado ao longo dos anos.A população encontra-se dividida. Apesar de alguns defenderem a repavimentação do local com alcatrão, para facilitar o acesso ao local, vários moradores manifestaram-se contra a destruição do património romano. "Isto era muito bonito. Tinha pedras com símbolos. Uma das pedras, que agora está enterrada, tinha um símbolo de uma criança", refere uma das moradoras.O local foi visitado, recentemente pelo director do Campo Arqueológico de Mértola, Claúdio Torres, que alertou os populares para a "extrema importância" do achado."Quando visitei a localidade apercebi-me de algumas obras e avisei os popul
 ares para não deixarem levar as pedras e para avisarem a Câmara." Claúdio Torres, que defende que o progresso não deve ser travado pelos achados arqueológicos, acredita também que "há boa vontade" da autarquia em remediar a situação.O Jornal do Centro contactou alguns especialistas ligados ao património romano que temem que a via não possa ser reconstruída tal e qual como estava, visto que os romanos utlizavam uma técnica especial de edificação das vias. Obra utilizada por toxicodependentes.A construção do centro paroquial encontra-se parada "há já algum tempo", segundo José António de Jesus, devido a "problemas financeiros". "A obra está a ser financiada com  dinheiros da paróquia e portanto está a ser realizada num ritmo mais lento". A infra-estrutura, por concluir, tem sido utilizada por toxicodependentes. Numa deslocação ao local deparámos com diversos resíduos, desde garrafas de álcool e algodão com sangue a latas queimadas.

Ana Filipa Rodrigues/Jornal do Centro, Sexta-feira,  8 de Ago de 2008