[Archport] Detectores de metais - Projecto IPSIIS
Li a crónica publicada no jornal Costa do Sol, sobre detectores de metais.
A visão que fica e caracteriza o detectorista, é a do ser desprezÃvel,
caçador de tesouros, qual vagabundo ávido por uma moedinha, tal como
vem demonstrado na frase final da crónica: "Também podias ter sido
mais generoso, Manel!..."
Sem querer entrar em polémicas estéreis com pessoas que apenas vêem,
ouvem, e comentam a sua versão dos acontecimentos, gostaria que também
apreciassem a â??outra parteâ??.
Sou fundador e coordenador do primeiro e único projecto de prospecção
com detectores de metais aprovado e licenciado pelo IPA,
www.ipsiis.net, constando o nosso trabalho no plano de actividades do
CNANS, vindo referido na edição especial da publicação do ICOMOS, â??
Heritage at Riskâ?? â?? Underwater Cultural Heritage at Risk: Managing
Natural and Human Impacts.
Temos a honra de parte do nosso espólio figurar na exposição
permanente do recém inaugurado Museu Municipal de Portimão, isto após
ter estado patente no Museu Nacional de Arqueologia, na Exposição â?? Um
Mergulho na Históriaâ??, no ano de 2003, em que aproximadamente 90% dos
materiais expostos provieram do nossos achados.
O nosso projecto foi apresentado no II Encontro de Arqueologia do
Algarve, e no Seminário â??Os Museus e o Património Náutico e
Subaquáticoâ??, mas passados todos estes anos, somos assunto tabu, nas
discussões e opiniões que a comunidade arqueológica mantém sobre os
detectores de metais, não sendo reconhecida a nossa existência,
insiste-se em relevar um determinado mau exemplo de um qualquer
detectorista (num universo de milhares), à dedicação de um grupo de
amadores que recuperou artefactos que de outra forma se perderiam
irremediavelmente, e que hoje além do seu discurso expositivo, são uma
importantÃssima fonte de conhecimento.
Sem pretender diminuir a importância dos outros achados, relevaria a
estatueta proto-histórica do touro, a lâmina de cobre decorada, as
etiquetas de ânfora romanas em chumbo, a matriz sigilar do
Chanceler-Mor da Iª Dinastia, ou o conjunto de compassos de cartear da
época dos Descobrimentosâ?¦â?¦, tudo objectos únicos no nosso paÃs, quiçá,
em todo mundo.
Tudo isto foi feito com a dedicação dos membros do grupo, que
gratuitamente, sem receber qualquer tipo de apoio ou subsidio, ao
longo de mais de 25 anos, despenderam milhares de horas de pesquisa,
para evitar que bens tão preciosos para a nossa memória, se perdessem
irremediavelmente.
Foi com agrado que li o artigo do Dr. LuÃs Raposo, publicado na
revista "Almadan" Nº13, e concordando com ele, tenho a certeza que
existirão inúmeros grupos de detectoristas por todo o paÃs que
desejariam integrar projectos semelhantes ao nosso, se tal lhes fosse
permitido, e a única recompensa que desejariam seria a de ver os seus
achados publicitados e integrados nos museus da sua região.
Os meus respeitosos cumprimentos,
José de Sousa
Fundador e Coordenador do Projecto IPSIIS, de prospecção com
detectores de metais.