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[Archport] MEMÓRIAS PAROQUIAIS-Hipótese de um projecto de 'escrita colaborativa' CORRECÇÃO

To :   Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] MEMÓRIAS PAROQUIAIS-Hipótese de um projecto de 'escrita colaborativa' CORRECÇÃO
From :   Ricardo Gaidão <caioviator@yahoo.com.br>
Date :   Sun, 21 Sep 2008 22:26:06 -0700 (PDT)



Apesar de ser unanimemente reconhecida a  importância do manancial informativo compilado no inquérito de 1758 convém relembrar que este ambicioso projecto não chegou a ser concluído.

Só a sua transcrição e disponibilização integral junto do público poderá encerrar condignamente uma das maiores e mais negligenciadas fontes para o estudo da Geografia, Geologia, Biologia, Linguística e História do nosso país.

Existem vários tipos de abordagens para levar a cabo esta tarefa. Suponho que uma das mais interessantes, seria através da criação de um projecto de 'escrita colaborativa' baseado num formato digital ('Wiki').

Este método de trabalho não é novo, tendo provado a sua eficácia no passado. Recorde-se que o próprio inquérito de 1758 é um exemplo de 'escrita colaborativa' pois é resultado do esforço de centenas de párocos portugueses. As ferramentas informáticas que dispomos actualmente facilitam bastante a introdução e revisão da informação, acelerando o tempo de execução e cortando os enormes custos da publicação tradicional em papel.

Suponho que é uma mera questão de tempo até alguém decidir criar um projecto neste tipo de formato, visto o inquérito de 1758 ser uma fonte cujo interesse ultrapassa o campo dos historiadores. Certamente existirão biólogos que gostariam de conhecer os territórios de distribuição de uma dada espécie, assim como especialistas em Demografia que gostariam de ter dados quantitativos mais rigorosos para estudar a população portuguesa setecentista.

Seria de todo o interesse que um projecto deste género tivesse por detrás uma estrutura científica e logística bem estruturada, que assegurasse o rigor científico dos conteúdos e a sua divulgação. Só um grupo de coordenação científica multidisciplinar permitirá transformar a informação das memórias em dados quantitativos aptos para tratamento estatístico, cartográfico, etc.

Recorde-se que 'escrita colaborativa' não é sinónimo de 'Wikipédia', tratando-se a última de um mero projecto que a utiliza. A eventual escolha deste método não implica necessariamente que qualquer pessoa possa alterar os conteúdos como entender sem qualquer tipo de supervisão

Espero que alguma instituição tenha a coragem de ir em frente. Já é tempo das memórias deixarem de ser meras curiosidades históricas publicadas de modo disperso e com critérios dispares, para se tornarem numa fonte publicada integralmente de forma uniformizada.

Sendo  uma mera questão de tempo até que um projecto destes avance deixo apenas alguns alertas e sugestões relativamente à sua concretização:

1) Definir critérios de transcrição paleográfica rigorosos e inalteráveis para todos os textos.

As actualizações de linguagem, apesar de facilitarem um pouco a compreensão dos textos para maioria das pessoas, podem levar a habituais perdas de informação, sobejamente conhecidas, sendo por este motivo pouco recomendáveis.

2) Compilação bibliográfica de todas as transcrições publicadas sobre cada paróquia.

Todo o leitor tem direito de conhecer as diferentes transcrições existentes, de modo a confrontar diferentes versões, e tomar conhecimento do elevado número de trabalhos de âmbito local, cujas referências se encontram presentemente dispersas. Recorde-se a enorme importância deste tipo de trabalhos, especialmente os produzidos por investigadores com conhecimento efectivo dos territórios estudados,  que fornecem importante informação útil para a compreensão do texto.

3) Abertura do projecto à comunidade, com supervisão de uma comissão científica.

Uma tentação muito recorrente neste tipo de projectos é o seu açambarcamento por parte do grupo de trabalho que o leva a cabo. Convém relembrar que a transcrição, divulgação e estudo das Memórias é um projecto titânico, dificilmente concretizável por um punhado de investigadores durante o seu tempo de vida. É conveniente que um projecto destes possa contar com vários investigadores e de diferentes áreas.

Sendo a transcrição dos textos e compilação da bibliografia a parte mais morosa, talvez fosse boa ideia receber o auxílio de colaboradores voluntários, cabendo aos membros oficiais do projecto a tarefa de avaliar a informação recebida. Seria igualmente interessante evitar uma prática portuguesa tão habitual em casos semelhantes, ou seja, a omissão do nome do colaborador.

Agradeço ao Filipe M. Soares Pinto por ter alertado para a efeméride, visto ter despoletado uma série de comentários que bem demonstram o interesse que suscita esta importante e singular fonte documental.  

Ricardo Gaidão



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