[Archport] A construção social do conhecimento arqueológico.

["José Paulo Francisco" <arqconsulting@gmail.com>]

 

Entre as várias mudanças produzidas nos últimos 10 anos na disciplina arqueológica em Portugal,

algo mais tardias do que aconteceu em vários países Europeus, talvez seja de realçar a que será

 

 mais importante falamos da nova configuração social da disciplina que saiu das "bancadas académicas"

tomando a expressão da colega Teresa Vieira para em consonância com as novas políticas da gestão do Património

Cultural se consolidar como uma profissão "liberal".

 O que produziu um certo distanciamento da arqueologia com a actividade científica e crítica, optar por manter uma linha

de desenvolvimento metodológico afastado de um marco teórico-crítico é um erro, a definição deste para a designada

arqueologia comercial ou melhor para a consolidação de uma arqueologia aplicada é essencial para sair do aparente

estado de anarquia conceptual e metodológico reinante.

 

A organização do I Congresso de Arqueologia Empresarial parece ser um bom prenúncio desta nova fase, a arqueologia

 

preventiva representa hoje cerca de 95% actividade arqueológica Europeia mas no entanto dentro da Universidade Portuguesa

 

ou melhor nas Faculdades em que existe formação em arqueologia parece continuar a negar.se o ensino da gestão do património

 

arqueológico salvo raras e meritórias excepções.

 

É tempo de trabalhar em conjunto, arqueólogos profissionais liberais, empresas, universidades organismos de administração pública

 

e reivindicar um novo paradigma assente no factor da produção de conhecimento arqueológico como elemento de construção social,

 

que permita a inclusão de todos esses que designa de "para.científicos" mas em que em muitos casos não são mais do que pessoas

 

que em muito podem participar neste processo, marginalizadas pelo "discurso autorizado".

 

A arqueologia ou é pública ou simplesmente não existe.

 

 

Saudações

 

 

José Paulo Francisco