Re: [Archport] SIG

["Carlos D." <cdelgado.templo@netc.pt>]

Não posso deixar de concordar com o Rudolfo. E passo a citar, muito  
sucintamente, as razões:

São inúmeras as empresas de consultoria ambiental e mesmo de  
engenharia que, quando se dedicam especificamente às questões dos SIG  
ou mesmo do Ordenamento do Território, utilizam os recursos humanos  
apropriados, ou seja, pessoas qualificadas, técnica e cientificamente,  
nessas áreas. Isso só traz benefícios, seja a nível do citado trabalho  
interdisciplinar, seja em termos do próprio mercado de trabalho, que  
pode abranger, assim, mais profissionais especializados.

Além do mais, se existe alguém que tem a capacidade e versatilidade de  
falar diversas "linguagens" (incluindo a arqueológica) e de dominar  
múltiplas escalas, é o Geógrafo (só mesmo neste país é que, por  
exemplo, os processos de AIA ou, agora, de AAE é que não são, por  
sistema, coordenados por geógrafos, mas sim por aquela espécie de  
"canivete suiço" chamada "engenheiro"...).

Por isso, acho que não é, de todo, incomum (basta ver outros casos, a  
nível europeu ou extra-europeu) ver geógrafos com um discurso e temas  
de trabalho muito "historiográficos" e mesmo "arqueológicos", e a  
trabalhar em Institutos/Departamentos de Arqueologia.

Quantos aos SIG e Cartografia, se é verdade que são transversais nas  
suas temáticas, são (deviam ser), por natureza, competência (dada a  
formação específica) de engenheiros geógrafos (a montante) e de  
geógrafos especialistas em SIG (a montante) [a este título, convirá  
lembrar a grande produção cartográfica de áreas das ciências sociais e  
humanas, História e Arqueologia incluídas - sem o mínimo respeito  
pelas regras de cartografia].

Não querendo ser, pois, excessivamente "corporativista", julgo, porém,  
que deve ser dado a César o que é de César. Se é verdade que o  
conhecimento arqueológico pode ser construido por múltiplas área  
científicas, também o é o facto de, logicamente, a direcção de  
trabalhos arqueológicos ser legalmente autorizada a profissionais com  
formação académica na área. Daí um geógrafo não poder dirigir uma  
escavação ou qualquer ourtro trabalho de índole arqueológica! Para  
isso existem os Arqueólogos...


Saudações a todos.

Carlos Delgado
(Geógrafo - Especialista em SIG e Ordenamento do Território
E Arqueólogo)


----- Email de andremano@portugalmail.pt ---------
    Data: Thu, 27 Nov 2008 18:00:45 +0000
      De: andremano@portugalmail.pt
 Assunto: [Archport] SIG
    Para: archport@ci.uc.pt


> Tenho de concordar com o Rodolfo Dias: SIG é uma área vastíssima e  
> se o universo
> empresarial realmente reconhece a necessidade desses conhecimentos, é bom que
> tenha em conta que dificilmente conseguirão que um arqueólogo "puro e duro"
> domine as ferramentas e conceitos, mesmo os mais básicos, associados  
> a SIG num
> curso de uma ou duas semanas...
>
> Discordo totalmente da ideia de ser necessário ser-se arqueólogo  
> para se poder
> aplicar SIG's à arqueologia. O que define os SIGs é precisamente a sua
> infinitude de aplicações, sendo por excelência uma área multidisciplinar. É
> evidente que é importante ter conhecimentos na área de aplicação do  
> SIG (neste
> caso arqueologia) mas não é de todo necessário ser-se arqueólogo.
>
> Em relação à falta de iniciativas de formação nesta área, penso que  
> em parte se
> explica pelo facto de em Portugal haver uma tendência para não se  
> valorizar as
> formações. Por outras palavras, o facto de se ter mais formação raramente é
> valorizado na hora das oportunidades e do reconhecimento (leia-se  
> vencimento).
>
> Aproveito também para divulgar uma Iniciativa da Associação Leonel Trindade -
> Sociedade de História Natural, o Projecto SIGAP (SIG aplicado à  
> paleontologia)
> que pode ser consultado em www.altshn.org
>
> cumprimentos,
>
> André Mano
>
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----- Fim do email de andremano@portugalmail.pt -----



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