Caro Ricardo Santos, É bom ler aqui e ali, para se ter uma ideia mais objectiva. Aqui
vai um texto que me enviaram, pode ajudar: Pois, muitos de nós somos rápidos a criticar e a julgar palestinianos acerca
da violência em que se encontra a região. Nós, os ditos "ocidentais"
quer queiramos quer não sempre tivemos a mania de meter o bedelho onde não
éramos chamados, vejamos o caso africano hoje, que ao longo de séculos foi
destruído e separado em fronteiras nunca existentes ( só na cabeça dos
franceses e ingleses pois nós portugueses nem nos perguntaram nada ). O caso
palestiniano foi um desses casos. Em 1946 começaram a despejar-se judeus vindos da Alemanha e a conceder-lhe
terras que lhes pertenciam antes, há 2000 mil anos. O que se passa é que o Rei
David unificou uma série povos ao redor da Judeia. Os palestinianos sempre existiram
lá também. O que aconteceu foi que com o passar da história esse tal aumento da
Judeia passou ela mesma "à história". Esata terra foi e é
historicamente tanto dos judeus como dos muçulmanos. Durante os terríveis acontecimentos na 2 Guerra Mundial, muitos dos judeus
tiveram que sair, e muito bem pois senão teriam sido mortos pelo Hitler, e, as
Nações Unidas concedeu as antigas terras históricas aos judeus, criando
colonatos, aldeias fechadas, e, pouco a pouco começou-se a mandar embora
palestinianos. Por exemplo, quase 500 mil palestinianos estão neste momento
como refugiados na Jordânia, pois tiveram que sair do seu próprio país.
Bem… Vejam na foto em cima, o muro construído por Israel para impedir
palestinianos muçulmanos e cristãos, sim pois se julga que só os muçulmanos
estão na história está muito enganado, isto afecta também todos os árabes
cristãos na zona, que lado a lado com os muçulmanos estão presos dentro destes
muros sem poder sair, sem ter acesso a nada. Gostaria de viver dentro destes
muros? Ahh.. olhe ainda para mais, sabe que este muro na verdade cerca uma
cidade chamada Bethlehem? Sabe o que é? É a cidade onde nasceu Jesus, sim filho
da Virgem Maria… sim é Belém onde vieram os Reis Magos para a tal gruta…
sim a igreja da Natividade de Cristo está aqui dentro. É uma cidade de 30 mil
habitantes, tipo Évora imaginem Évora totalmente rodeada por muros de
betão…o que fazia você se vive-se lá dentro? O problema aqui é que as pessoas vêem-se a ter que virar para os partidos
mais extremos na cidade ou seja, por um lado, têm os israelitas que entram na
cidade a bombardear e a matar muitos civis, e por outro, têm grupos de
extremistas que dizem lutar contra esses ditos israelitas… ou seja,
pessoas normais como nós, escolhem o lado de quem diz que luta por eles ou pela
familia inocente que morreu num bombardeamento israelita. Você de que lado
ficava? O probleme é esse mesmo, ou seja, os muçulmanos não são radicais e
extremistas, mas como em todas as religiões há os extremos, mesmo no judaísmo.
Lembra-se do Yitzhak Rabin? Que no dia 4 de Novembro de 1995 foi assassinado
pelo estudante judeu ortodoxo Yigal Amir, militante de extrema-direita que se
opunha às negociações com os palestinianos, quando participava num comício pela
paz na Praça dos Reis (hoje Praça Yitzhak Rabin) em Tel Aviv… Penso que a solução "colonialista" e "fascista" de todo
este processo não foi bem feita. O colonialismo em África não foi bem feito.
E…o descolonialismo em África não foi bem feito. Todos sabemos. O que se
passa aqui é que nós nos pomos sempre do lado de quem mais se assemelha a nós,
neste caso do lado dos israelitas altamente americanizados. OK, compreendo, mas
nós realmente temos que nos meter do lado de criar uma história pacifica, justa
e sem fascismos. E vocês agora perguntam… não não israel tinha direito às unificação de
David. Mas… porquê? 2000 anos passaram. Tem Itália e Roma direito à
Península Ibérica? pela invasão romana? Vejam o mapa e percebem um pouco o porquê da confusão. Se não virem bem
cliquem aqui: Mapa Palestina Mapa Palestina e Israel Links de interesse
http://www.mideastweb.org/mpalestine.htm From: archport-bounces@ci.uc.pt
[mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Rui Gomes Coelho Caro Ricardo Santos, O que está em causa aqui é que o património cultural está a ser
instrumentalizado e, em última instância, a ser destruído, para fazer uma
guerra. Devemos interrogar-nos, e bem, sobre os fundamentos deste e de outros
conflitos semelhantes, desde logo porque estão em causa vidas humanas. Mas
também, uma vez que dominamos uma área científica particular, questionar aquilo
que lhe diz mais directamente respeito. É verdade não dispomos de muitos meios
para nos opormos a um conflito desta natureza. Em todo o caso, dispomos das
ferramentas necessárias para tentarmos compreender os contextos sociais em que
esta guerra é produzida e o património cultural instrumentalizado. E podemos,
sobretudo, denunciar parte da complexa teia que envolve gente em armas e apelar
à paz. Pode ser à partida simbólico, mas não nos esqueçamos que no preciso
momento em que estamos diante do computador a ler e-mails há pessoas a morrer
em Gaza. E há muitas mais que serão afectadas (individual e colectivamente) por
tudo o que lhe está associado. Saudações De: Ricardo Santos
[mailto:ricardo.jd.santos@gmail.com] Eu sou novo e não conheço os pormenores da situação. Na Europa, os pacifistas do costume saírem aos gritos de
"Somos todos palestinianos". É curioso que nunca calhe serem todos
israelitas. E é curioso notar que tipo de palestinianos são. Se os pacifistas
parciais se referem aos que votaram no Hamas, a identificação não é razoável,
por um lado, nem abonatória, por outro. Não é razoável porque a autêntica solidariedade para
com os palestinianos implicaria não a condenação de Israel mas do Hamas, que
coloca a população de Gaza na linha de fogo de um confronto que Israel não
provocou. A identificação não é abonatória porque a maioria da população
escolheu o Hamas para comandar os respectivos destinos. Presumo que os habitantes de Gaza conheçam a essência da
seita q aue deram dois terços do parlamento local, uma seita forjada em volta
do ódio a um Estado de direito e basicamente empenhada na sua destruição.
Goste-se ou não, o voto dos indígenas é um aval a tais sentimentos e
propósitos. Há dias, o colunista canadiano Mark Steyn recordava que ninguém
elege o Hamas para obter um bom sistema de ensino. Nem, digo eu, para alcançar
serviços de saúde decentes ou um tecido industrial escapatório. Elege-se o
Hamas por se acreditar que o Hamas é a força mais determinada a eliminar Israel
e por se querer o assassínio enquanto modelo de organização social. Pois bem, agora os palestinianos de Gaza têm o que queriam.
Pelo meio, ganharam também uma lei progressista, recentemente aprovada, que
amputa os braços aos ladrôes e aplica a crucificação aos culpados de
"traição". Iso, porém, é um mero bónus. Principalmente, os
palestinianos de Gaza conseguiram a guerra, e acho que não se espantarão ao
reparar que alguns morrem nela. 2009/1/7 Rui Gomes Coelho <ruigomescoelho@gmail.com> Caros/as
archportianos/as, Amanhã terá lugar
junto à embaixada de Israel em Lisboa, uma concentração pela paz e de apoio ao
povo palestino (pelas 18h, na rua António Enes, metro de Picoas ou Saldanha). Desde o mês
passado que todos temos recebido diariamente, através da comunicação social ou
da internet, as informações mais diversas sobre a mais recente agressão
israelita à faixa de Gaza. Trata-se, evidentemente, de um conflito que é apenas
a expressão mais recente de uma longa sucessão de eventos naquele contexto, e
que têm infelizmente sido inscritos a ferro e fogo na nossa história mais
recente. No entanto, é bom dizer que se trata de uma situação que toma
contornos particularmente graves. Desde logo porque é o desfecho de um processo
iniciado pela retirada das tropas do exército do estado israelita e dos
colonatos daquele território (2005), sucedido por um longo bloqueio económico
que dura até hoje, mesmo nas actuais circunstâncias humanitárias. Isto é ainda
mais grave se tivermos em conta que é um território relativamente pequeno (com
uma área inferior à do Algarve), e dos mais densamente povoados do mundo. Algo
que se tem dramaticamente revelado pelos bombardeamentos sucessivos por parte
do exército do estado de Israel, que têm feito numerosas baixas entre a
população civil. Só estes factos
serviriam para justificar a nossa presença em acções de protesto. O apelo que
lanço à comunidade arqueológica é, para lá disso, renovado por outras razões,
muito embora tomem parte do mesmo contexto. Com efeito, o estado de Israel tem tomado
uma outra ofensiva contra o povo palestino através de atentados sucessivos aos
elementos constituintes da sua identidade histórica. Falamos em concreto de uma
série de destruições de mesquitas, mausoléus, cemitérios e pequenos núcleos
urbanos históricos, que têm ocorrido desde 1948, alguns dos quais para darem
lugar à construção de colonatos ou até, imagine-se, equipamentos desportivos.
Uma das situações mais recentes, largamente denunciada através do comité
palestino no ICOMOS, foi a destruição em Hebron e Nablus (2002) de construções
mamelucas e do período otomano (como seja um hammam do séc. XVIII), além
de uma série de edifícios tradicionais. Apesar das normas que estabelecem a
protecção dos imóveis nos centros históricos, nomeadamente através do impedimento
da circulação veículos, as destruições ocorreram totalmente ao seu arrepio, da
forma mais brutal: com meios militares. A própria igreja da Natividade, em
Belém, já terá sido alvo de snipers. Será bom
lembrar que apesar de a Convenção de Haia (1954) sobre a protecção dos bens
culturais em caso de conflito armado ter sido subscrita pelo estado de Israel,
os seus preceitos continuam a ser grosseiramente ignorados. A própria situação
da Palestina, e daqueles que são considerados os beligerantes (enquanto
organizações terroristas, e não estados ou combatentes formais), deixa a sua
aplicação num pântano de ambiguidades. Mesmo com os apelos sucessivos da
comunidade internacional, das instituições internacionais que se debruçam sobre
o património cultural, ou até de iniciativas sugestivas (e naturalmente
discutíveis) de diversas entidades, como foi ainda no ano passado da proposta
conjunta da Universidade da Califórnia – Los Angeles, e da Universidade
da Baixa Califórnia, sobre um acordo entre ambas as partes sobre a gestão do
património arqueológico. Sabemos,
pela dura experiência do séc. XX, como a destruição do património cultural de
povos e comunidades inteiras, ou a sua transformação por meios violentos, foi
tida como instrumento entre grupos em confronto. Não raras vezes com a
participação e colaboração de arqueólogos, antropólogos e outros cientistas
sociais. Em muitas ocasiões, mais do que a destruição aberta, é a negligência
sistemática que está em causa. Os casos também eles recentes, da intervenção do
exército dos EUA no Iraque (2003), com o saque do Museu de Bagdade e a
destruição de diversos sítios arqueológicos e a sua exposição ao saque, assim
como o da segunda guerra do Líbano (2006), estão aí para nos lembrar de tudo
isto. No caso da faixa de Gaza não sabemos ainda inteiramente o que se passa,
não só porque as comunicações são escassas como as preocupações essenciais das
suas populações neste momento são a sobrevivência, pura e dura. Por tudo isso
urge o cessar-fogo imediato. No fim de contas,
trata-se da prossecução de um conflito armado por outros meios, e cabe a nós
arqueólogos, pelo que nos toca enquanto cidadãos e pessoas de ciência,
denunciar estas situações e apelar à sua resolução. Apelar à paz, no fim de
contas, porque a vida de um ser humano e o seu bem estar estão acima de tudo. A todos/as
colegas que puderem: apareçam amanhã. Saudações
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