Re: [Archport] Digest Archport, volume 64, assunto 35
Antes de mais gostava de aqui deixar claro que entre a questão provocatória colocada pelo Sr. (Paulo) Alexandre Monteiro: "E quantos navios escavou o Doutor Vasco Mantas, Tiago?" e a resposta esclarecedora por parte do próprio Doutor Vasco Mantas existiu uma resposta minha à questão do Sr. Monteiro, mas que por lapso apenas foi enviada para o correio pessoal e não para a Archport, como tal cabe-me corrigir este engano.
(Enviada no dia 13 de Janeiro de 2008 por Tiago Lino a Alexandre Monteiro)
"Caro Alexandre, percebo inteiramente o que quer dizer. Contudo, e como a
cadeira se chama "Arqueologia subaquática", trata-se de uma cadeira de
corpo teórico, cujos conhecimentos (teóricos) transmitidos servem
apenas de ferramenta, como o nome indica, teórica. É um facto que
maioritariamente os nossos actuais cursos académicos de arqueologia são
muito mais teóricos do que práticos, o que na verdade não invalida a
sua importância. Ainda que esse conhecimento teórico esteja sempre ao
nosso dispor na mais diversa bibliografia.
Por isso, o facto do
Doutor Mantas nunca ter escavado debaixo de água não invalida os seus
indiscutíveis e alargados conhecimentos de história naval clássica, e os
transmita nos bancos da faculdade.
Para além disso, sabe tão bem
quanto eu que a Arqueologia Naval pode ser uma especialidade da
Arqueologia Subaquática. Podemos nesse caso afirmar que é possível
ser-se arqueólogo subaquático sem nunca se ter escavado na vida, ou
melhor, como o Alexandre deve preferir, chamemos-lhe ser-se Arqueólogo
especializado em Arqueologia Naval.
É um facto que nos
estamos, ambos, a desviar da raiz desta conversa que surgiu na
Archport, contudo parece-me importantíssimo este tipo de discussões,
pois só assim me parece ser possível progredir de forma sólida.
Caro
Alexandre, concordando "grosso modo" com o que vai escrevendo, mas, não
deixo de dizer-lhe que, no meu pessoal ponto de vista, por vezes é
preciso proporcionar oportunidades para que surjam grandes coisas e
grandes pessoas, ou seja, ainda que as nossas discussões e as nossas
opiniões sejam importantes é também igualmente importante que não
sejamos radicais nem convencionais a defendê-las. Deixar a água correr
é também uma forma de ir regando as plantas que estão no seu caminho.
Mais cedo ou mais tarde essa água chegará aos eu destino e muitas
plantas pelo caminho ficaram regadas.
Cordiais Cumprimentos
Obrigado pela sua espontaneidade e sinceridade de escrita
Tiago Lino