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Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático

To :   "filipe castro" <fvcastro@hotmail.com>
Subject :   Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático
From :   "Joao Paulo Pereira" <Joaop@inag.pt>
Date :   Wed, 14 Jan 2009 09:32:30 -0000

Obrigado pela resposta. Gostei.


De: filipe castro [mailto:fvcastro@hotmail.com]
Enviada: terça-feira, 13 de Janeiro de 2009 13:39
Para: Joao Paulo Pereira
Cc: archport@ci.uc.pt
Assunto: RE: [Archport] RE: Um texto sobre o património arqueológico subaquático

O problema (quanto a mim) é justamente esse.  Eu não devia ter de perguntar.  Nenhum político, nenhum jornalista e quase nenhum cidadão tem tempo ou interesse para ir indagar o que se passa no IGESPAR.  E eu duvido que o IGESPAR tenha tempo para responder a perguntas (as minhas, por exemplo: não sei quantas cartas e emails escrevi ao IPPAR/IGESPAR que nunca tiveram resposta).

Acho que o problema é grave, porque sem o apoio dos políticos os arqueólogos precisam do apoio das populações.  Acho que as coisas estão mehores do que nos anos 80, mas as pessoas em Portugal ouvem falar dos arqueólogos sobretudo quando o governo resolve cortar um sítio arqueológico ao meio com uma auto-estrada, ou quando o IGESPAR proibe um grupo de cientistas de abrir um túmulo, ou quando cai um telhado.  Se calhar os serviços da cultura ganhavam em serem pro-activos e informar/educar as pessoas (e os colegas).

Para quem está de fora, como eu, é quase impossível saber o que se passa, que perguntas fazer.  A informação é difícil de aceder, não há uma cultura de serviço no MC.  A cultura de muitas organizações no MC é de autoridade. 

Uma vez, depois de ir três vezes do Pote d'Agua à Ajuda de autocarro e me dizerem que a fotocopiadora estava avariada e que voltásse para a semana, pedi para tirar uma fotografia digital, sem flash, na Biblioteca da Ajuda.  Foi como se tivesse pedido um rim (ou um olho) ao director.

Isto não é só em Portugal, claro está.  Mas para quem vai aí sempre com pouco tempo muitas coisas para fazer, a ideia com que se volta é que no MC os cidadãos só contam se conhecerem pessoas na organização.

Acho que já escrevi isto aqui. :o)

Filipe
Texas

Subject: RE: [Archport] RE: Um texto sobre o património arqueológico subaquático
Date: Tue, 13 Jan 2009 12:26:53 +0000
From: Joaop@inag.pt
To: fvcastro@hotmail.com
CC: archport@ci.uc.pt

Filipe,
 
Já perguntaste às pessoas do CNAS do que falas?


De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de filipe castro
Enviada: segunda-feira, 12 de Janeiro de 2009 20:03
Para: jde@fl.uc.pt; archport@ci.uc.pt
Assunto: [Archport] RE: Um texto sobre o património arqueológico subaquático

Eu não acho justo - neste caso - culpar o governo pela destruição do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática.  O ministro Carrilho dotou o CNANS com meios, uma equipa óptima, barcos, um laboratório, uma lei fantástica, etc.

Dez anos depois, o CNANS tinha-se tornado numa organização fechada, secretiva, mais interessada em controlar do que em gerir. 

Naturalmente, como em todas as organizações apostadas em controlar pessoas e coisas, o mundo do CNANS foi diminuindo na medida das possibilidades do CNANS, e a fatia da realidade que foi ficando de fora foi crescendo.  

Sem deixar de concordar com os comentários dos outros membros da lista (Portugal é um país governado por economistas e engenheiros geralmente muito ignorantes e profundamente insensíveis às coisas do saber) acho que neste caso foi mais o CNANS que implodiu do que o IGESPAR ou o governo que o destruíram. 

Quase ninguém sabe o que se passa dentro dos muros do CNANS em Belém, quase ninguém percebe para que serve o CNANS, para onde vai o património recuperado, etc. 

Julgo que em democracia a arqueologia tem de ter um valor evidente para as pessoas, se quer sobreviver.  O mundo em que vivemos é governado por tecnocratas que só se interessam por dinheiro.  Os arqueólogos da velha guarda, que estão habituados a um mundo em que a polícia implementava a vontade dos funcionários públicos, vão ter de perceber que sem a opinião pública do lado da arqueologia, as manobras corporativas vão ser cada vez menos eficazes.

Filipe Vieira de Castro   
Texas A&M University
Texas, EUA
http://nautarch.tamu.edu/shiplab/



From: jde@fl.uc.pt
To: archport@ci.uc.pt
Date: Wed, 7 Jan 2009 18:06:00 +0000
Subject: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático

    Na sua secção "Opinião", o jornal diário Heraldo de Aragón, de Zaragoza, publicou, na sua edição de ontem, dia 6, o bem oportuno artigo que segue em anexo. É da autoria do Prof. Dr. Manuel Martin-Bueno, Catedrático de Arqueologia, Epigrafia y Numismatica (Depto. Ciencias de la Antiguedad, Universidad de Zaragoza).


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