Concordo em grande parte com o Dr. Filipe Castro, entre outros, em relação aos problemas da Arqueologia Subaquática em Portugal. Devo dizer que pelo menos esta discussão é extremamente positiva na medida em que permite um debate e um repensar acerca deste ramo científico. Creio que a falta de críticas, debates e eventos tenha sido um dos principais problemas. Penso que a criação de uma “superestrutura” centralizada que fosse responsável por todas as operações, fiscalizações, licenciamentos, estudos, restauro, entre outras atribuições, levou a uma inevitável situação de “monopólio” das actividades subaquáticas, e consequentemente a “personificação” de uma instituição. Desta forma, é visível que há uma certa idéia de que o director do CNANS é a Arqueologia Subaquática, e que sem ele, não haveria nada. Acredito ser este um dos equívocos que mantém o seu “status quo”, e que legitima sua actuação. Ainda que se deva destacar seu mérito, não devemos relativizar as suas responsabilidades. O caso é que a institucionalização (CNANS/DANS), levada a cabo pelo Estado como consequência, principalmente, da questão do Côa, tomou para si a tutela de todas as operações e pesquisas no âmbito deste campo científico, e na ambição de abarcar a totalidade das actividades na área, acabou por gerar uma gradual asfixia e declínio do sector, levando a uma interrupção ou retardamento no processo de formação de uma comunidade científica e social. Dessa forma, o que houve no período institucional foi o desligamento gradual das bases sociais que a legitimavam, como por exemplo a associação Arqueonáutica, devido a transposição de alguns elementos para o corpo estatal, que agregou em torno de um “núcleo duro” os profissionais com experiência para a formação da instituição e que acabou por se fechar em si mesma, não permitindo o diálogo com os parceiros sociais e outras instituições. Neste caso, creio que a criação de uma associação, ou a “restituição” da Arqueonáutica seja uma das acções fulcrais para começar a criar uma nova “base social” afim de agregar os eventuais interessados neste campo. Tal grupo deve ter por meta a tornar a Arqueologia Subaquática uma “Arqueologia Pública”, acessível, com responsabilidades sociais, entre outras acções. Além disso, é imperativo a revisão das atribuições do DANS de forma a possibilitar o desenvolvimento de centros alternativos de pesquisa sediados em universidades, centro de pesquisas, associações locais, entre outros. Penso que inicialmente, e como dito anteriormente pela Odisseia, é necessário criar pelo menos um congresso ou encontro a fim de debater a situação e para tentar reconstruir a Arqueologia Subaquática através de abordagens alternativas e novas formas acção. O debate no ArchPort pode ser positivo, mas um evento seria muito melhor… Com os melhores cumprimentos Leandro Infantini O jeito mais fácil de manter a sua lista de amigos sempre em ordem! Organize seus contatos! |
Mensagem anterior por data: [Archport] CURSO DE FOTOGRAFIA ARQUEOLÓGICA - 14 FEV em Conimbriga | Próxima mensagem por data: Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático |
Mensagem anterior por assunto: [Archport] Ramiro e os Possessos do Tempo: José Mateus e Paula Queiroz convidam para a Antevisão do videojogo (Património, Ciência e Arte) | Próxima mensagem por assunto: Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático |