Boa noite
Fui alertada por alguns usuários da archport desta denúncia anónima, e a pedido deles, e uma vez que confirmei que a Câmara Municipal de Lagos não foi previamente contactada pelo «turista», gostaria de esclarecer que:
O Monte Molião é actualmente (e desde 2006) objecto de intervenções programadas, com escavações arqueológicas dirigidas pela Prof.ª Dr.ª Ana Margarida Arruda, que visam o seu estudo e valorização, ao abrigo de um protocolo estabelecido entre a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e a Câmara Municipal de Lagos.
As intervenções puseram a descoberto estruturas e contextos da Idade do Ferro, da Época Romana Republicana e da Época Romana Imperial, todas elas publicadas, e divulgadas para um amplo público nas Jornadas de Portas Abertas que encerram cada ano os trabalhos de escavação.
Para quem ainda não visitou o local, posso dizer que é pena que o «turista» não tenha reparado numa outra área do Molião, escavada na parte Sudoeste do cabeço, onde as estruturas, da Idade do Ferro e da Época Romana Republicana, foram, no final do ano passado, consolidadas, drenadas e preparadas para a visita. Nessa mesma área, um conjunto de fornos de produção de olaria, da Época Romana Republicana, foi consolidado e reenterrado com protecção de manta geotêxtil, cofragem de madeira, leca e terra.
Quanto à outra área, mais ampla, a da fotografia tomada pelo «turista» e divulgada na archport, e onde as escavações vão ser retomadas no próximo mês de Maio: as estruturas mais frágeis (lareiras, p. ex.) foram protegidas com manta geotêxtil e rede de sombra, mas optou-se por deixar em aberto a restante área, dado que os muros (aliás, ainda meio enterrados) se apresentam suficientemente sólidos.
Acontece que esta área da escavação está adjacente a um arruamento, aberto há mais de 20 anos e que dá serventia a um conjunto de casas de habitação e a vivendas - e é para ali que escorre a água das chuvas. Imaginam o que aconteceria a qualquer terra de «protecção» que fosse colocada sobre a área aberta da escavação? Teriamos arrastamento das terras, lamaçal intransitável e resultados nulos quanto à protecção das escavações.
Por isso, no final da campanha de 2008, após avaliação do conservador-restaurador do sítio, foi tudo isto ponderado entre a Autarquia, a Tutela e a Universidade e, optou-se por, digamos, «sacrificar» o topo dos sedimentos que ficaram por escavar. Mas entre isto e o alarmismo de a água «arrastar estruturas e camadas» há uma enorme diferença.
É verdade, o talude do arruamento ravina um pouco (como aliás acontece desde há anos), mas apresenta-se estável.
E também é verdade que a tal «arqueóloga municipal», para além de zelar pelo património, monitoriza, sem alaridos e com bom-senso, estas situações mais complicadas.
Cumprimentos
Elena Morán
Arqueóloga da Câmara Municipal de Lagos
Boa tarde
Não é agradável para um turista, verificar que se fazem escavações arqueológicas e se deixa as estruturas sem um minímo de protecção.
O que se verifica é que a água que escorre do cabeço, invadiu a área arqueológica, arrastando estruturas e camadas arqueológicas.
Ora a Câmara Municipal de Lagos tem uma arqueóloga que devia zelar pelo património, e ainda mais num local que se associa a Lacobriga.