Boa tardeOs esclarecimentos da Senhora Arqueóloga Municipal não me convencem de todo.Em primeiro lugar, verifica-se pela fotografia que as águas escorrem pelo meio da escavação, em direcção ao tal arruamento de que falou.Em segundo lugar, não existem casas deste lado do arruamento, não havendo qualquer dificuldade em drenar as águas.Perigo é o que existe actualmente, quando estacionamos as nossas viaturas desse lado da rua, pois não é verdade que não exista perigo e que as águas que escorrem da área de escavação não tenham destruído os muros, como se pode ver nas fotografias.Pedi uma opinião a um arqueólogo meu amigo e o que ele me disse é que não se deixam vestígios arqueológicos tão importantes, serem arrastados pela rua abaixo, vendo-se conchas e restos de alimentação e grande quantidade de terra sigilata completamente exposta pela acção das águas e muitos destes materiais já foram arrastados pelas enxurradas.Volto a frisar que as águas destruíram muros, vendo-se as pedras rolando pela encosta, com o perigo de atingir pessoas e bens.Quanto à drenagem das águas, também consultei um meu amigo que é de Engenharia Civil, que me disse que bastava abrir um canal a montante da escavação e canalizar as águas para a rede de esgotos pluviais da cidade.Não é caro e acredite Senhora Arqueóloga Municipal, teria prestado um serviço à população e ao Património Cultural.Nem todos os turistas são ignorantes. E conhecem o suficiente, porque visitam muitos sítios arqueológicos, para saber o que é negligência e incúria.P.S. - Também visitei a área que está conservada e drenada e está muito bem. Mas esta, tenha lá paciência, foi descurada e espero que a Câmara Municipal tome medidas urgentes antes que aconteça alguma desgraça.
2009/2/10 elena moran <moran.elena@gmail.com>
_______________________________________________Boa noiteFui alertada por alguns usuários da archport desta denúncia anónima, e a pedido deles, e uma vez que confirmei que a Câmara Municipal de Lagos não foi previamente contactada pelo «turista», gostaria de esclarecer que:O Monte Molião é actualmente (e desde 2006) objecto de intervenções programadas, com escavações arqueológicas dirigidas pela Prof.ª Dr.ª Ana Margarida Arruda, que visam o seu estudo e valorização, ao abrigo de um protocolo estabelecido entre a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e a Câmara Municipal de Lagos.As intervenções puseram a descoberto estruturas e contextos da Idade do Ferro, da Época Romana Republicana e da Época Romana Imperial, todas elas publicadas, e divulgadas para um amplo público nas Jornadas de Portas Abertas que encerram cada ano os trabalhos de escavação.Para quem ainda não visitou o local, posso dizer que é pena que o «turista» não tenha reparado numa outra área do Molião, escavada na parte Sudoeste do cabeço, onde as estruturas, da Idade do Ferro e da Época Romana Republicana, foram, no final do ano passado, consolidadas, drenadas e preparadas para a visita. Nessa mesma área, um conjunto de fornos de produção de olaria, da Época Romana Republicana, foi consolidado e reenterrado com protecção de manta geotêxtil, cofragem de madeira, leca e terra.Quanto à outra área, mais ampla, a da fotografia tomada pelo «turista» e divulgada na archport, e onde as escavações vão ser retomadas no próximo mês de Maio: as estruturas mais frágeis (lareiras, p. ex.) foram protegidas com manta geotêxtil e rede de sombra, mas optou-se por deixar em aberto a restante área, dado que os muros (aliás, ainda meio enterrados) se apresentam suficientemente sólidos.Acontece que esta área da escavação está adjacente a um arruamento, aberto há mais de 20 anos e que dá serventia a um conjunto de casas de habitação e a vivendas - e é para ali que escorre a água das chuvas. Imaginam o que aconteceria a qualquer terra de «protecção» que fosse colocada sobre a área aberta da escavação? Teriamos arrastamento das terras, lamaçal intransitável e resultados nulos quanto à protecção das escavações.Por isso, no final da campanha de 2008, após avaliação do conservador-restaurador do sítio, foi tudo isto ponderado entre a Autarquia, a Tutela e a Universidade e, optou-se por, digamos, «sacrificar» o topo dos sedimentos que ficaram por escavar. Mas entre isto e o alarmismo de a água «arrastar estruturas e camadas» há uma enorme diferença.É verdade, o talude do arruamento ravina um pouco (como aliás acontece desde há anos), mas apresenta-se estável.E também é verdade que a tal «arqueóloga municipal», para além de zelar pelo património, monitoriza, sem alaridos e com bom-senso, estas situações mais complicadas.CumprimentosElena MoránArqueóloga da Câmara Municipal de LagosDe: apia geronimus [mailto:geronimus.pia@gmail.com]
Enviada: domingo, 8 de Fevereiro de 2009 17:10
Para: archport@ci.uc.pt
Assunto: [Archport] Incúria no Monte Molião
Boa tardeNão é agradável para um turista, verificar que se fazem escavações arqueológicas e se deixa as estruturas sem um minímo de protecção.
O que se verifica é que a água que escorre do cabeço, invadiu a área arqueológica, arrastando estruturas e camadas arqueológicas.
Ora a Câmara Municipal de Lagos tem uma arqueóloga que devia zelar pelo património, e ainda mais num local que se associa a Lacobriga.
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