Re: [Archport] DEMISSÃO, JÁ !

[G M <grunhosearqueologos@gmail.com>]

Caros colegas

É nestas alturas que se vê a classe profissional que somos. 
A bem de umas construções da década de 40 a 60 do século do passado, emergimos numa louca e frenética manif.
Já os estou a ver. Preparam a sua roupinha tipo festa do Avante, não se toma banho durante as 3 semanas que antecedem a concentração, fazem-se umas faixas como no Verão Quente, convidam-se uns profs de carácter radical para aparecerem na TV e à boa maneira matam-se saudades do PREC.
De facto a radicalização deste processo é uma perfeita palermice e vergonhoso. Quem ganha com isto? Ninguém.
Em vez de nos preocuparmos em termos soluções práticas para o desalojamento dos "oKupas arqueologos das casamatas militares", resistimos. resistimos. Apaixonadamente somos as Passionárias contra o mamarracho de um tipo qualquer que ganhou o Pritzker. 
Mas soluções? Nenhumas.... Somos Contra, mas sem soluções.
Somos do contra porque temos de o ser. Somos do Contra para não sermos o sistema...e soluções? Nenhumas...
Pois é esta é que é a verdade. Berramos, pedimos a demissão destes e daqueles, mas soluções nenhuma. Falamos da Biblioteca especializada e dos milhares de relatórios que vão ficar abandonados ao relento numa esquina qualquer. Soluções? Nenhumas.. 
Chamamos uns de incompetentes porque estamos de fora e não sabemos o que lá vai dentro. Mas à boa maneira Tuga... berramos bem alto, porque isto pode virar e tocar-nos um belo de um tachinho ou trabalhinho numa qualquer autarquia que seja de cor contrária a este ou qualquer outro governo.
É este o serviço social da arqueologia? Berrarmos com faixas e cabelos desgrenhados contra um qualquer projecto?  Que "fauna" é esta a dos arqueólogos?... e depois admiram-se que para a maior parte da população portuguesa eles sejam os: feios, porcos e empata obras.
Somos cada vez mais vistos como um grupo estranho, movido por interesses estranhos. A antitese social à beira da bipolariedade: Os homens dos colherins e os indiana jones. Os homens do Passado que ficam no passado....
Entre o passado e o futuro não tenho dúvidas. "Botem" abaixo os pavilhões velhos, construam um Museu que é uma peça iconográfica de elevada qualidade. Integrem a biblioteca do ex-IPA na Biblioteca Nacional, coloquem os relatórios em consulta pública via on-line e metam o espólio na cordoaria.
Ao contrario do que já se disse aqui os arqueologos que assistem à demolição dos barracões são uns sortudos porque assistem à História da transformação de um espaço abandonado, repleto de okupas mal encarados, num edificio lindissimo de arquitectura contemporânea de elevada qualidade.
À brigada do reumático que agora está ofendida com estas destruições apenas deixo uma certeza. Foram vocês que nos colocaram nesta situação porque só pensaram no vosso umbigo e nos vossos feudos arqueológicos e banquinhos universitários. Contam-se pelas mãos os monumentos que recuperaram e devolveram à sociedade, devidamente interpretados e musealizados. Mas compreendo-os estamos nos sitio certo, junto ao Restelo e imortalizamos os cépticos.
Deixem-se de manifestações e vão trabalhar. Construam um novo futuro para a nossa profissão.
Reconhecimento social não se obtem por relatórios de 500 páginas cheio de cacos, hipotese e manifs dos coitadinhos. É através de certezas na educação, na interpretação do património, no envolvimento e de comunicação do nosso trabalho à sociedade.
Não interessa a posição abjecta deste ou daquele governo trata-se de vermos e construirmos um nosso o Futuro para a profissão e classe.
A todos aqueles que se revêm no passado e a quem estas palavras fizeram doer.... tomem banho e evoluam!
GB