[Archport] Arquitectos e artistas em defesa do Museu dos Coches
Arquitectos e artistas em defesa do Museu dos Coches
Público, 24.03.2009, por Sérgio C. Andrade
Duas centenas de personalidades da área da cultura, como actores,
músicos, artistas plásticos, mas onde sobressaem os nomes dos
arquitectos Siza Vieira, Gonçalo Byrne, Eduardo Souto Moura e Carrilho
da Graça, subscreveram uma carta em defesa do novo projecto para o
Museu dos Coches, em Lisboa. O documento vai ser entregue, ainda esta
semana, ao primeiro-ministro e, posteriormente, colocado on-line.
A iniciativa, diz a agência noticiosa Lusa, partiu dos arquitectos
João Belo Rodeia e Ana Tostões (actuais presidente e vice-presidente
da Ordem dos Arquitectos, mas que aqui se manifestam a título
individual). E defende, ainda segundo a Lusa, que o projecto de Paulo
Mendes da Rocha "qualifica a zona ribeirinha lisboeta e se insere nos
objectivos do Instituto de Turismo de Portugal, para que o museu passe
dos actuais 200 mil visitantes para um milhão".
Também em favor do avanço do novo museu - que deverá ser inaugurado em
Outubro do próximo ano, no âmbito do centenário da República - está a
"luz verde" do Conselho Consultivo do Património do Igespar (Instituto
de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico), anunciado no
passado dia 10. "Houve parecer positivo, mas com uma recomendação para
se ter cuidado com o arranjo dos espaços públicos, isto é, a área
envolvente", disse à Lusa Elísio Summavielle, director do instituto.
Quem continua a não estar de acordo com a construção do novo museu, no
lugar e nos timings indicados, é Luís Raposo, director do Museu
Nacional de Arqueologia e subscritor do movimento de contestação já
lançado, também on-line, pelo Fórum Cidadania Lx - e que ontem à tarde
contava mais de 2200 assinaturas.
Na qualidade de presidente da representação portuguesa do ICOM
(Conselho Internacional dos Museus), Luís Raposo disse ontem ao
PÚBLICO estranhar o teor da petição dos arquitectos e artistas agora
vinda a lume. "Não está em causa nem a escolha do arquitecto
brasileiro Paulo Mendes da Rocha, nem a qualidade do seu projecto" -
diz aquele responsável -, mas antes o avanço de uma obra desta
dimensão e ambição "sem a prévia discussão democrática" que ela
mereceria. O Fórum Cidadania Lx, que na semana passada promoveu uma
manifestação de protesto, em Belém, contra o início da demolição dos
edifícios para onde está prevista a construção do novo museu, promete
para hoje também uma tomada de posição pública sobre a petição dos
arquitectos e artistas.