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Re: [Archport] Critica a concurso de 15 arqueólogos para IGESPAR

To :   archport@ci.uc.pt, Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Subject :   Re: [Archport] Critica a concurso de 15 arqueólogos para IGESPAR
From :   António Tavares <almtavares@gmail.com>
Date :   Wed, 22 Apr 2009 00:21:46 +0100

Para acabar de vez com o assunto que eu coloquei nesta lista, de mote próprio, em resposta ao mail do concurso para os 15 a "entrar" para o IGESPAR, devo dizer que o fiz pelas seguintes razões:
- em primeiro lugar, porque me assiste o direito à manifestação da minha opinião, seja ela qual fôr, incomode quem incomodar, neste espaço que tembém é meu, desde que no cumprimento das minhas responsabilidades de cidadania;
- em segundo lugar, fi-lo para manifestar o repúdio por certas práticas "corporativistas" do Estado. Pois, pese embora a legítima moldura legal que possa envolver determinadas leis e regulamentações legais, isso não determina necessariamente que tais práticas legais sejam justas. É que Lei é uma coisa e Justiça é outra;
- em terceiro lugar, fi-lo porque a vetusta e nobre irreverência que sempre caracterizou a Academia Coimbrã, pelo menos até 1986, altura em que aí conclui a minha Licenciatura, sempre me conferiu e há-de conferir a LIBERDADE para a crítica, para o inconformismo, para a denúncia de práticas limitativas aos direitos dos cidadãos, nunca permitindo que a minha coluna vertebral se vergue ao situacionismo, ou à atávica resignação.
 
Fala assim quem nunca precisou do guarda-chuva do Estado, nem do dos partidos, nem do dos políticos, nem do dos seguidores dos políticos, nem da rede de contactos dos políticos.
Fala assim quem, de consciência tranquila, sente que deveria ter direito a concorrer a um dos lugares do referido concurso e só o não pode fazer porque o mesmo está manietado por uma lei controladora e limitadora.
E, permitam-me que discorde de uma frase do último signatário deste mail: os funcionários públicos só se "casaram" com o Estado, por que este assim o permite. Existe muito boa gente no Estado que se fosse justamente avaliada há muito que o próprio Estado teria requerido o divórcio.
É de pasmar?!!! Não... até Dom Ilídio Leandro, Bispo Residencial da Diocese de Viseu, aceita e aconselha a que ele (Divórcio) seja executado sempre que as circunstãncias sejam graves e assim o determinem e exijam.
 
Saudações de um Arqueólogo, ao serviço da ARQUEOLOGIA e não do ESTADO. (Uma vez mais a Semântica a funcionar: reminiscências de quem teve Língua Portuguesa com professores padres e não no sentido filosófico que Platão lhe conferiu).
 
António Luís Tavares
Arqueólogo
 
 
 
 
2009/4/21 Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Nestes tempos que correm, muitos gostariam de ter o chapéu de chuva
que o Estado dá.

Em primeiro lugar - e eu sei que tendemos a esquecer isto - o Estado
gere e representa a Nação, que somos todos nós. Não só regula e
legisla sobre as relações existentes entre os cidadãos e a coisa
pública, como até, em maior ou menor grau, o faz igualmente sobre a
propriedade privada e as relações e até sobre a vida dos seus
cidadãos. Para tal, pede a cada um um contributo - que já se chamou
corveia, talha ou siza aqui há uns tempos e que agora se chama IVA,
IRS, IMI, etc. - junta tudo num bolo e depois faz dele o que quer e
precisa para manter a Nação a funcionar: paga a médicos e polícias,
compra BMW's para o Conselho de Ministros, paga viagens faraónicas aos
deputados da Nação para irem ao Dubai estudar a aplicação de uma
qualquer lei obscura, distribui subsídios de desemprego, constrói
aeroportos e TGV's, até, eventualmente e se sobrar algum, paga a uns
quantos arqueólogos do IGESPAR para andar a fiscalizar aquilo que
andam a fazer as construtoras nos terrenos que são nossos, do Povo, ou
dos privados, também Povo, mas onde subjaz o Património que é (será?)
de todos.

Ora, eu, a mim não me repugna - como cidadão contribuinte a quem todos
os meses este Estado desconta cerca de 650 euros em IRS e que paga
Taxa sobre os Produtos Petrolíferos cada vez que enche o depósito do
carro, e que paga 20% de IVA em qualquer compra que faz (chamavam-lhe
antigamente o Quinto Real), e que paga a taxa de difusão na factura da
electricidade e que paga 800 euros de IMI todos os anos, e que paga
propinas no ensino, e taxas moderadoras na saúde, e as demais coimas,
taxas, e impostos associadas a outros actos administrativos pontuais -
dizia eu que não me repugna que o Estado queira poupar na quantidade
de funcionários públicos com os quais se casou para a vida e aos quais
tem que pagar vencimento e demais alcavalas.

Nem me repugna que, do seio dos milhares de militares, agentes da
autoridade (ASAE, PSP, GNR, PM, etc.), professores de toda a sorte,
cabouqueiros, jardineiros ou diplomatas, concorra a este concurso quem
se ache com as premissas requeridas.

A mim, o que me repugna, é que não se escolham os melhores dos
melhores para nos servir, ao Povo e ao Estado, e se limite a abertura
deste concurso a quem já é, ele próprio Estado. É que Estado nem
sempre rima com Excelência.





2009/4/21 António Tavares <almtavares@gmail.com>:
> Alimentando uma vez mais esta questão e respondendo a quem fez perguntas
> sobre se os avençados ficavam de fora: de facto, pela leitura da lei que
> suporta o procedimento concursal, os avençados ficam de fora. Quanto ao
> facto do Estado não me deixar ser Arqueólogo, nessa frase fiz uso da
> “semântica”, parte da gramática que nos permite dizer ou escrever frases
> cujo sentido pode ser diverso do da primeira análise. Fazer outras coisas em
> arqueologia? Há 23 anos que o faço…só que agora gostaria de o poder fazer ao
> serviço do ESTADO, que teima em “enconchar-se” sobre si mesmo e sobre os
> seus, não abrindo portas a mais ninguém…
>
> Em circunstâncias iguais às minhas conheço muitos colegas; em circunstâncias
> piores que as minhas são às centenas, infelizmente…para todos, claro.
>
>
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> António Luís Tavares
>
> Arqueólogo
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António Luís Tavares
Arqueólogo

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