[Archport] Ministro da Cultura diz que faz falta um museu dos Descobrimentos
Só me apetece comentar que ele, museu, não faz falta, está é todo
enterrado nos rios, mares e lagoas deste país...
"Ministro da Cultura diz que faz falta um museu dos Descobrimentos
Público, 28.04.2009
Não é uma ideia nova, aquela que o ministro da Cultura referiu no
domingo, em Belmonte, na inauguração do Museu à Descoberta do Novo
Mundo: a de que "faz falta um museu da viagem e da globalização
portuguesa".
Ao presidir à abertura de um museu especialmente centrado na
descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, navegador natural
daquela terra beirã, José António Pinto Ribeiro recuperou um anseio
muito antigo de constituição de um museu dos Descobrimentos (há quem
lhe chame da Diáspora, da Viagem ou da Expansão Marítima). E exortou,
cita a Lusa, a que o país "reúna força e capacidade para o fazer e
depressa". Ontem, um assessor de Pinto Ribeiro especificou que este "é
um projecto que o Ministério acalenta desde há muito", mas não há
ainda nada de concreto sobre a sua realização.
A instalação de um museu que documente e divulgue a gesta
globalizadora dos portugueses desde o século XV é uma reivindicação
recorrente. Voltou à ordem do dia a pretexto da polémica em volta da
construção do novo Museu dos Coches, em Lisboa, com o projecto de
Paulo Mendes da Rocha. No documento em que contestaram a oportunidade
da construção do museu do arquitecto brasileiro para aquele fim, o
arqueólogo Luís Raposo e a historiadora de arte Raquel Henriques da
Silva defenderam a adaptação de parte do edifício projectado para a
Avenida da Índia a um museu da Viagem "capaz de evocar a diáspora
portuguesa".
O também historiador de arte Pedro Dias disse ontem ao P2 estar em
"total consonância" com a necessidade agora referida pelo ministro, de
Portugal avançar com o Museu da Diáspora. E acha mesmo que agora estão
criadas condições que não existiam há alguns anos para a concretização
do projecto. No início da década de 1990, Pedro Dias fora convidado
pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva a integrar uma comissão que
estudasse a implantação desse museu no Centro Cultural de Belém.
"A comissão nunca se reuniu. A criação desse museu implicava o
desfalque de vários museus instalados, e, se nós avançássemos com o
projecto, seríamos assassinados nas ruas de Lisboa", ironizou o
historiador, referindo-se à resistência que iria ser movida pelos
responsáveis de instituições como a Torre do Tombo, o Museu Nacional
de Arte Antiga e o Museu da Marinha, em Lisboa, ou do Museu Machado de
Castro, em Coimbra.
Essa resistência poderá agora estar atenuada pela facilidade em
replicar ou documentar muitos dos tesouros da História dos
Descobrimentos através das novas tecnologias. Mas, mesmo assim, Pedro
Dias diz que continuará a ser indispensável proceder à "mudança e
desafectação" de muitas peças nos museus nacionais, recorrendo, em
simultâneo, a compras em mercados e colecções particulares, tanto em
Portugal como lá fora. S.C.A."