[Archport] Estradas de Portugal suspende dois técnicos superiores por ligação a firma de arqueologia
Estradas de Portugal suspende dois técnicos superiores por ligação a
firma de arqueologia
Público, 09.05.2009, por José António Cerejo
Processos disciplinares confirmaram que os funcionários eram sócios,
directa e indirectamente, de empresa líder do mercado da arqueologia
dentro da EP
Cento e oitenta dias de suspensão de funções, num caso, e 90 dias no
outro foram as penas aplicadas pela administração das Estradas de
Portugal (EP) aos dois funcionários que controlavam a empresa de
estudos e trabalhos arqueológicos Geoarque, principal fornecedora
desse género de serviços à EP.
Os processos instaurados contra Arlete Castanheira, Carlos Ramos e
Joaquim da Silva Thó tiveram origem num conjunto de notícias
divulgadas pelo PÚBLICO em Setembro passado acerca das ligações dos
dois primeiros à Geoarque e do segundo à Trifólio, uma empresa
especializada em estudos de impacte ambiental, igualmente fornecedora
da Estradas de Portugal. De fora ficou Ana Cristina Martins, a
arquitecta que dirige o Gabinete de Ambiente da EP e que também teve
relações com a Trifólio.
No caso de Silva Thó o processo disciplinar foi arquivado, tendo em
conta que as infracções que foram confirmadas haviam prescrito, nos
termos da legislação em vigor. O funcionário, que também ocupou
lugares de chefia no Gabinete de Ambiente, já não está ao serviço da
Estradas de Portugal, uma vez que rescindiu amigavelmente o seu
contrato em Abril do ano passado.
Arlete Castanheira e Carlos Ramos trabalham igualmente no Gabinete de
Ambiente, tendo tido ambos, ao longo dos anos, um papel relevante nos
processos de contratação dos trabalhos de arqueologia ligados à
construção de estradas. A Geoarque, empresa a cuja fundação e gestão
estavam ligados, directamente e através de familiares, era a principal
beneficiária dessas contratações.
Arlete Castanheira estava a negociar a sua saída da empresa mediante o
pagamento de uma indemnização, mas a pena disciplinar agora aplicada
levou a administração a desistir das propostas feitas. Contactada pelo
PÚBLICO, a Estradas de Portugal confirmou as sanções aplicadas, mas
escusou-se a fornecer pormenores sobre os processos disciplinares.