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[Archport] Restaurar o património pode ser uma das saídas para a crise e para o desemprego

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Restaurar o património pode ser uma das saídas para a crise e para o desemprego
Date :   Sun, 05 Jul 2009 05:11:26 +0100

Restaurar o património pode ser uma das saídas para a crise e para o desemprego

Público, 05.07.2009, Alexandra Prado Coelho

Há países que já incluíram nas medidas de estímulo à economia a recuperação do património, que pode combater o desemprego

Colocar pessoas em andaimes a limpar a fachada de uma catedral gótica do século XIV pode ser uma solução para ajudar a Europa a sair da crise económica. Foi isso que viu um jornalista da Economist ao passar pela cidade francesa de Beauvais - e foi esse o exemplo que escolheu para um longo artigo sobre a crise e sobre como "os franceses fazem as coisas de forma diferente".

Mas, se calhar, os franceses não fazem as coisas de uma forma assim tão diferente. Os responsáveis pelo património de 28 países europeus apelaram recentemente - numa declaração comum saída do 4.º Encontro do Fórum Europeu de Responsáveis pelo Património, que decorreu em Viena - aos governos para que apostem na recuperação do património como uma das respostas para sair da crise e definam pacotes de apoio específicos. Esta é "uma solução sustentável de sucesso garantido para fazer face à recessão económica", defendem.

Elísio Summavielle, director do Igespar (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico) repete o apelo em Portugal, e lembra que aqui há um caminho a percorrer maior do que noutros países. "A média europeia de percentagem de trabalho de recuperação dentro da construção civil é de 40 por cento, na Holanda está já nos 75 por cento, e em Portugal, segundo dados da Aecops (Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas) é de 6,5 por cento", diz. Apesar disso, a evolução tem sido positiva: em 1992, era apenas de um por cento. "A tendência é para haver cada vez mais negócio na área da reconstrução e a construção civil está a voltar-se para essa área".

Outro dado positivo, segundo Summavielle, é o facto de 70 por cento do investimento público em recuperação ser feito pelas autarquias, que "perceberam que há aqui um nicho de negócio ligado ao turismo cultural e à preservação dos centros históricos". O que pede agora ao Governo, à semelhança dos seus homólogos europeus, é que avance para um pacote financeiro destinado à recuperação do património (e não apenas do classificado, mas do que se encontra em zonas de protecção, por exemplo).

"Falta de mão-de-obra"

Uma das áreas em que é urgente investir é a da formação. "Temos falta de mão-de-obra qualificada. Quanto mais se está a recuperar, pior está a ser a qualidade da recuperação. Faltam marceneiros, canteiros, gente que trabalhe com estuques, faltam artesãos mestres." Além disso, este estímulo beneficiaria também, frisa o responsável do Igespar, a exploração de materiais e de técnicas de construção tradicionais.

Alguns países já avançaram. É o caso da Noruega, onde o Parlamento votou em Janeiro um pacote de medidas para combater a crise a partir de propostas apresentadas por todos os ministérios. Foram escolhidos projectos que tivessem "um rápido efeito no mercado de trabalho".

De um total de 526 milhões de euros, a maior fatia (153 milhões) foi para a reparação e desenvolvimento das linhas ferroviárias, mas em quinto lugar, com 40 milhões, surge a "gestão da natureza e da herança cultural" (destes, 26,5 milhões são para a "herança cultural", incluindo obras em edifícios protegidos privados, património industrial, arqueologia e medidas de prevenção de incêndios em edifícios históricos de madeira).

Em França, segundo a Economist, o pacote de estímulo lançado pelo Governo, no valor de 26 mil milhões de euros para cerca de mil projectos, inclui dois milhões de euros para restauro de património. "Para além de esquemas mais convencionais, como auto-estradas, portos e TGV, o estímulo francês", explica a revista, "inclui a limpeza de catedrais históricas e igrejas".
 
 
 
Manifesto propõe guião para uma nova política cultural

Público, 05.07.2009, Luís Miguel Queirós

A Um conjunto de criadores e outras figuras dos meios culturais acabou de lançar o manifesto Uma Cultura para o Século XXI, que contesta a progressiva desorçamentação do Minstério da Cultura (MC) e a ausência de uma política consistente para o sector, exortando os partidos a apresentar, no período eleitoral que se avizinha, "propostas claras" nesta matéria.

Colocado on-line no endereço http://umaculturaparaoseculoxxi.blogspot.com, o manifesto, assinado por mais de cem personalidades, aparece na sequência de um anterior documento - Uma Agenda para a Cultura -, divulgado em Abril. Face a esse texto, a principal novidade deste manifesto é o conjunto de prioridades que elenca para os vários sectores que a política cultural abrange, do cinema e audiovisual ao livro, e do património e museologia às artes performativas.

Criticando o "menosprezo" que "a agenda política e governamental" tem dispensado ao sector da cultura desde o 25 de Abril de 1974, os subscritores só abrem excepção para o período que vai de 1995 a 2000, quando ocorreu a "única tentativa" de levar a cabo "um programa de actuação planeado, coerente e capaz de dignificar a cultura portuguesa". Ou seja, os anos em que Manuel Maria Carrilho dirigiu o MC.

O manifesto sublinha que a cultura é um sector em que o Estado não pode ser substituído nas suas funções pelo mercado, e argumenta que, na época de crise que o país atravessa, a cultura deve ser "uma área prioritária de investimento".

A extensa lista de signatários inclui, entre muitos outros, os realizadores João Botelho, João Canijo, João Mário Grilo e Teresa Villaverde, os coreógrafos Paulo Ribeiro, Olga Roriz e Vera Mantero, as actrizes

Beatriz Batarda, Emília Silvestre e Rita Blanco, os encenadores Fernando Mora Ramos, Joaquim Benite, Luís Miguel Cintra e Ricardo Pais, os músicos António Pinho Vargas, Pedro Abrunhosa e Sérgio Godinho, as artistas plásticas Fernanda Fragateiro e Graça Morais, os escritores Mário de Carvalho e Pedro Tamen, os editores Carlos da Veiga Ferreira, João Rodrigues e Manuel Rosa, os arquitectos Ana Tostões e Walter Rosa, os arqueólogos Luís Raposo e João Zilhão, a historiadora Raquel Henriques da Silva, e ainda Inês Pedrosa, directora da Casa Fernando Pessoa, ou Jorge Salavisa, director do Teatro de S. Luiz.

O manifesto critica a desorçamentação do Ministério da Cultura ao longo dos anos, com excepção para 2000-2005

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