[Archport] Inscrição do Cabeço das Fráguas

[José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>]

            No passado dia 22, os trabalhos arqueológicos que decorrem, desde 2006, no Cabeço das Fráguas (Quinta de São Domingos, Guarda) atingiram nova etapa, com a preparação do molde da inscrição rupestre dada a conhecer, pela primeira vez, em 1943, pelo General João de Almeida e publicada, em 1956, por Adriano Vasco Rodrigues.

            Será a primeira vez que esta inscrição, já famosa no meio científico europeu, é reproduzida fielmente, à escala natural, com recurso à avançada tecnologia de LaserScan, levada a cabo no terreno por uma empresa especializada portuguesa.

            Esta inscrição, que descreve a oferenda de vários animais a diversas divindades, conjuga no mesmo texto o alfabeto latino e a chamada língua «lusitana».

            Foi justamente a presença desta inscrição que motivou a intervenção no local, de modo a esclarecer o contexto arqueológico no qual terá decorrido esse acto religioso. O projecto, de iniciativa do Instituto Arqueológico Alemão de Madrid e de evidente natureza interdisciplinar, tem vindo a ser concretizado pela estreita colaboração com o Museu da Guarda e com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

            A execução do molde desta inscrição rupestre, única como medida de salvaguarda de um meio patrimonial em risco, assume, assim, primordial importância, já que permite não só a sua conservação, como também o seu fácil acesso a especialistas e ao público em geral.

            O molde executado através de LaserScan será processado por especialistas da Universidade Técnica de Berlim e destina-se a ser incorporado na exposição permanente do Museu da Guarda. A apresentação ao público acontecerá no âmbito de uma exposição e de um colóquio temáticos, previstos para a Primavera do próximo ano de 2010.

            Os custos da realização deste molde foram assumidos na sua totalidade pelo Grupo dos Amigos do Instituto Arqueológico Alemão de Madrid e pela Firma Noraktrad do Grupo Norak, que cada vez mais apostam na salvaguarda do património.

 

                                               (Nota de imprensa divulgada pelo Museu da Guarda).