[Archport] Painel de pinturas rupestres com cinco mil anos destruído em Almeida
No Parque
Arqueológico do Vale do Côa
Painel de pinturas rupestres com cinco mil anos
destruído em Almeida
Um dos painéis
de granito com pinturas rupestres, com cerca de cinco mil anos, encontrado há
sete anos na área da freguesia de Malhada Sorda, concelho de Almeida, foi
destruído. O Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) lamenta o sucedido,
considerando que existiu a ?clara intenção? de fazer desaparecer aquele achado
arqueológico.
A figura pré-histórica "foi completamente destruída, tendo
sido lavada e repicada com a clara intenção de a fazer desaparecer, o que de
facto foi conseguido", lamentou António Martinho Baptista, arqueólogo e
pré-historiador de arte do PAVC, considerando que se trata de um "crime de
lesa-arqueologia". "Apagaram mais de cinco mil anos de História", sublinhou em
declarações à Lusa.
Segundo o arqueólogo, o sítio onde se encontra o
achado era constituído por dois painéis verticais em granito, "ambos decorados
com pinturas pós-glaciares em tons de vermelho". "A mais interessante figura"
do conjunto era "uma figura zoomórfica em estilo seminaturalista, a fazer
lembrar algumas das representações do Côa e até do Tejo",
acrescentou.
Martinho Baptista explica que na figura destruída era
visível "uma pequena cabeça perfilada em V, o pescoço fino e o corpo ovalado"
de um animal, características que remetem "para a forma tipológica de um
cervídeo fêmea".
Martinho Baptista, antigo director do extinto Centro
Nacional de Arte Rupestre, relatou que o achado estava em "duas pequenas
rochas" que constituam uma espécie de "abrigo" e foi encontrado por um casal
residente em Malhada Sorda.
O presidente da Câmara Municipal de
Almeida, António Baptista Ribeiro, disse que teve conhecimento do sucedido
através do casal de Malhada Sorda que fez a descoberta e que "de imediato"
comunicou o caso ao PAVC. "Da parte da autarquia nada mais havia a fazer, a não
ser denunciar a situação às autoridades competentes, neste caso o PAVC",
referiu.
O autarca assumiu tratar-se de uma ocorrência que o "preocupa"
e disse que "o acto criminoso significa uma perda irreparável" para o património
histórico concelhio.
11.08.2009 - 10h33 Lusa