Peniche, Leiria, 18 Ago (Lusa)- Os arqueólogos confirmaram este ano que os
achados dos fornos do Morraçal da Ajuda, em Peniche, correspondem à primeira
olaria da Lusitânia, donde saíram as ânforas usadas como recipientes do peixe
que era consumido no império romano.
"Trata-se da primeira olaria identificada onde foram fabricadas ânforas que
envasavam derivados de peixe para todo o império romano à época do imperador
Augusto", afirmou à Lusa o arqueólogo Guilherme Cardoso.
A hipótese já tinha sido colocada em 1998, logo que foram descobertos os
primeiros achados arqueológicos e à medida que foram sendo descobertas "uma
grande quantidade de fragmentos de ânforas".
Contudo, só agora as hipóteses levantadas pelos arqueólogos foram confirmadas
através da análise laboratorial do espólio encontrado.
"Antes da descoberta sabia-se que os romanos tinham passado por Peniche, mas
não se sabia para quê e agora sabemos que era para pescar e produzir conservas
de peixe, que enviavam para todo o império", explicou.
Apesar de não haver vestígios da prática da pesca ou de indústrias de
derivados de peixe, os arqueólogos acreditam que a tradição piscatória e de
conservas de peixe em Peniche remonta a essa altura, há mais de dois mil
anos.
Só assim se justifica a existência de uma importante olaria para produção de
ânforas, que serviam para depositar peixe e seus derivados.
Os fornos romanos do Morraçal da Ajuda foram descobertos em 1998, durante os
trabalhos de terraplanagens para campos de ténis.
FYC
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