Os túmulos dos faraós egípcios no Vale dos Reis correm
o risco de se deteriorar irremediavelmente, caso se mantenha o actual fluxo de
turistas. O aviso partiu do próprio secretário-geral do Conselho Supremo de
Antiguidades do Egipto, Zahi Hawass, que finalmente se decidiu a fazer soar o
alarme, dando razão aos muitos arqueólogos que vêm denunciando os riscos da
excessiva exploração turística da necrópole construída junto à cidade de Luxor,
a antiga Tebas, na primeira metade do segundo milénio a.C..
"Os túmulos
abertos ao público estão a sofrer um severo desgaste, quer na coloração dos
frescos, quer nas gravuras", afirmou aos jornalistas Hawass, que estima que
todo o complexo, com mais de 60 túmulos, possa estar irreconhecível dentro de
150 a 500 anos.
Em 2008, o Egipto recebeu 13 milhões de turistas, e uma
boa parte deles não dispensa uma paragem no Vale dos Reis, que recebe cerca de
seis mil visitantes por dia. Nos túmulos mais frequentados, a aglomeração de
pessoas - que suam com o calor, tiram fotografias (apesar de estas serem
proibidas) e transportam carteiras e sacos que vão raspando as paredes - está
já a provocar sérios danos. E com a taxa de humidade no interior dos monumentos
funerários a aproximar-se, por vezes, dos 100 por cento, muitos dos frescos
começam a apresentar manchas escuras provocadas por fungos.
As
autoridades egípcias já tomaram algumas medidas de preservação, estipulando que
só 12 túmulos possam estar abertos ao mesmo tempo e apetrechando alguns deles
com sistemas de ventilação. Mas estes esforços não têm sido suficientes para
travar a degradação, e é bem possível que as estimativas de Hawass venham a
revelar-se francamente optimistas. A arqueóloga Hourig Sourozian, que dirige a
equipa que está a trabalhar nos colossos de Mémnon, duas estátuas gigantescas
de Amenófis III, diz que "se nada for feito, alguns dos túmulos estarão
irrecuperavelmente destruídos daqui a 25 anos".
Hawass, também ele um
prestigiado arqueólogo, célebre pelo seu inseparável chapéu à Indiana Jones,
abandonará no próximo ano, por limite de idade, as funções de responsável
máximo pelos tesouros arqueológicos egípcios. Mas deverá prosseguir com a sua
paixão dos últimos anos: as escavações de um provável túmulo identificado por
radar, que Hawass acredita poder estar inviolado, como o de Tutankhamon,
descoberto em 1922 por Howard Carter. O arqueólogo admite que possa tratar-se
do túmulo de Ramsés VIII.
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