O
ministro da Cultura visita hoje o Côa, numa deslocação anunciada como "visita
técnica" mas da qual poderão sair algumas novidades sobre o modelo de gestão
que está a ser pensado para o parque e para o futuro museu, cujo edifício está
concluído, mas que só deverá ser inaugurado no final do ano ou mesmo em
2010.
Pinto Ribeiro irá hoje ao Museu do Douro e intervirá, depois, numa
sessão, na qual falarão também o director e o sub-director do Igespar - Elísio
Summavielle e João Pedro Ribeiro -, e ainda o presidente da câmara de Foz Côa,
o socialista Emílio Mesquita.
Um dos assumidos objectivos do Museu do
Côa, que foi projectado pelos arquitectos Tiago Pimentel e Camilo Rebelo e
custou cerca de 17,5 milhões de euros, era o de dotar o parque de uma estrutura
de acolhimento que lhe permitisse receber grandes grupos de visitantes.
Previa-se que fosse inaugurado ainda este Verão e, segundo João Pedro Ribeiro,
o edifício está, de facto, concluído e falta apenas finalizar alguns arranjos
exteriores e acabar de montar os núcleos expositivos. No entanto, pode haver
também razões políticas para este adiamento. O autarca de Foz Côa defende que o
museu só deve abrir quando estiver decidido o modelo de gestão do parque e
sugere que a melhor altura para o inaugurar seria em Fevereiro de 2010, na
época das amendoeiras em flor, que costumam atrair muitos visitantes à
região.
Emílio Mesquita defende uma gestão partilhada entre o Estado e
os vários municípios da região do Côa - com responsabilidades acrescidas para
as autarquias cujo território seja abrangido pelo parque - e encara a
possibilidade de, num futuro próximo, alargar essa parceria a privados. Um
modelo que afirmou já ter discutido com José António Pinto Ribeiro, que teria
visto com bons olhos a proposta. "Foi isto que ficou falado com o ministro, e
julgo que de uma maneira firme", diz Mesquita, cujo objectivo é aumentar
significativamente o número de visitantes do parque, assegurando
infra-estruturas de hotelaria e restauração para os turistas e alterando o
modelo actual de visitação, dependente da disponibilidade de jipes e guias.
"Quero que as pessoas venham ver as gravuras e não vão embora sem as ter visto,
como sistematicamente tem acontecido", afirma o autarca, acrescentando: "Este
ano fizeram-se 15 mil visitas, e 15 mil visitantes qualquer tasca os tem; perto
disso tivemos nós nas exposições do nosso Centro Cultural." As propostas do
autarca implicariam alterar o modelo de gestão até agora previsto e que se
esperava que ficasse plasmado no decreto regulamentar do parque, que está há
vários anos a ser preparado. O que tinha sido anunciado é que o futuro museu
ficaria na dependência do parque, actualmente dirigido pela arqueóloga
Alexandra Lima - que ontem não foi possível ouvir -, e que este último se
manteria na tutela exclusiva do Estado, através do Igespar.
Contra a
alteração destes princípios já se pronunciou o PCP. Pedro Branquinho, que é
funcionário do parque mas que falou ao PÚBLICO enquanto cabeça-de-lista do PCP
pela Guarda, defende que o museu "deve ficar integrado numa rede nacional
dirigida pela administração central" e, embora não rejeite "o envolvimento das
autarquias locais", defende que estas "não têm recursos humanos que lhes
permitam assumir a gestão de um museu desta envergadura".
Embora não
haja confirmação oficial de que esteja ser preparado um novo modelo de gestão,
as declarações ao PÚBLICO do subdirector do Igespar, João Pedro Ribeiro,
parecem indicar que a visão da tutela poderá não estar demasiado distante da do
autarca de Foz Côa, quer na necessidade de articular a defesa e divulgação do
património com o desenvolvimento do turismo, quer no que respeita aos modelos
de visitação. "É preciso criar uma dinâmica coincidente com a dinamização do
turismo no Douro", diz João Pedro Ribeiro, ressalvando que se quer "um turismo
de grande impacto, mas sustentado". O subdirector do Igespar admite ainda que o
Parque do Côa se possa dividir em zonas com diversos graus de protecção: "Sítios
onde não entra ninguém, outros em que se pode entrar com guias, zonas em que se
pode fazer uma caminhada a pé, sozinho, e ainda outras onde se possam fazer
piqueniques."