Salvem do abandono o Menino Hermínio.
A fotografia que anexo é de um pormenor de um dos mais emblemáticos monumentos funerários jacentes no Cemitério dos Prazeres em Lisboa. Pelo singelo e forte apelo da composição, despertou durante gerações o afecto de todos os visitantes, não havia turista estrangeiro que não perdesse meia hora a fotografá-lo e a contemplá-lo. Todos os que se deslocavam ao Cemitério para zelar e fazer a manutenção de sepulturas e jazigos de familiare depositavam uma flor no monumento.
Sob plinto em lioz, onde se vê a inscrição funerária, foi aplicada uma escultura em mármore alvíssimo de Carrara, representando Jesus, infante, deitado e adormecido, sobre uma cruz e com uma coroa de espinhos na mão, alusão ao sonho premonitório da sua paixão. A escultura, reaproveitada, deve remontar aos fins do Século XVI ou início do Século XVII.
É o Menino Hermínio (..) de Azevedo, falecido em 1873.
O monumento encontra-se à mão esquerda de quem entra pela álea principal do Cemitério, pelo que captiva a atenção de qualquer visitante.
No lugar onde na fotografia alguém depositara uma rosa vermelha, está agora pendurado com arame um chocante letreiro de lata que reza: ABANDONADO.
De acordo com os regulamentos camarários, uma vez que a sucessão no terreno não foi reclamada, este, bem como o monumento, serão colocados em hasta pública.
Que falta fará ao orçamento camarário o valor daquele pequeno canteiro, onde plantaram tão rara flor?
A alternativa de o remover para o Museu não me parece aceitável. Deixem o Menino Hermínio repousar ali, para que possam também repousar os nossos olhos e as nossas almas.
Manuel de Castro Nunes
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