"O Relatório sobre a Petição Salvem as Sete Fontes foi aprovado por unamidade na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República. Os peticionários congratulam-se com esta decisão e destacam o seguinte parágrafo que consta da recomendações finais:
“Dados todos os pressupostos apresentados e reproduzidos neste Relatório, por estarem criadas as condições para tal, na opinião do relator, devem as entidades, directa ou indirectamente envolvidas acompanhar e desenvolver no âmbito das suas respectivas competências, as acções tendentes a defender , promover e desenvolver o sistema das “Sete Fontes” com vista à sua máxima salvaguarda e fruição pela pela população" (sublinhado nosso).
Na verdade foi este o objectivo genérico da Petição que congregou milhares de assinaturas como o relatório assinala.
É uma batalha da qual não desistiremos.
O relatório segue agora para análise e votação no Plenário. Os peticionários esperam que, a partir de agora, todas as entidades, incluindo a Câmara Municipal de Braga, congreguem os seus esforços para que a “máxima salvaguarda e fruição” das Sete Fontes seja concretizada, criando-se assim um espaço de lazer e uma reserva aquífera, sem viadutos, rodovias ou construções que limitem esse objectivo. Espaço verde que também será útil ao novo Hospital, beneficiando em muito a sua envolvente.
Apelamos, de novo, à Srª Ministra da Cultura para que a Zona Especial de Protecção seja homologada com a máxima brevidade pois conforme indica o relatório, baseado na informação da Direcção Regional de Cultura não existe qualquer impedimento legal que impeça a aprovação da ZEP.
Os peticionários irão dentro em breve anunciar novas iniciativas de modo a que o valor ambiental e histórico das Setes Fontes seja amplamente difundido em Braga , em Portugal e na Península Ibérica".
O texto integral do Relatório aprovado na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura pode ser consultado no Portal da Assembleia da República.
Recordo, para aqueles que primeira vez lêem uma notícia relativa às Sete Fontes que este local é único no Norte de Portugal e que por isso está classificado como Monumento Nacional. As estruturas que se conservam à vista constituem os castelos e um aqueduto de abastecimento a Braga setecentista. O sistema recolhe a água de múltiplas minas e nascentes e possui um caudal significativo que ainda é aproveitado para regar alguns jardins de Braga.
Há documentos que indicam o aproveitamento da água das Sete Fontes na Idade Média. Os arqueólogos do projecto de Bracara Augusta consideram que existem indícios de ter existido um aqueduto na época romana, ainda por estudar. Na verdade o vale das Sete Fontes nunca foi objecto de um projecto arqueológico intensivo.
Todavia na obra para a construção do novo Hospital, implantado numa das cumeadas que delimitam o alvéolo granítico foram descobertos numerosos vestígios: parte de um povoado da Idade da Bronze; várias minas e respiradouros de cronologia desconhecida; um forno de produção de cerâmica romana; numerosos negativos escavados na rocha, indiciando construções perecíveis (talvez coberturas em telha sustentadas em pilares de madeira); buracos abertos no granito para decantação (de argilas?). Enfim indicadores de uma actividade artesanal que terá procurado um local onde a água era abundante.
No lado oposto, no Montariol foi descoberta há já muitos anos a inscrição latina de um pisoeiro.
Finalmente porque se trata de um alvéolo granítico semelhante ao sítio de Covelinhos é possível que a primeira ocupação do Vale das Sete Fontes remonta ao período calcolítico, embora nas prospecções de superfície nunca se tenha encontrada cerâmica deste período. Porém, como se sabe, no Minho a terra vegetal é muito compacta, pelo que a ausência à superfície de materiais é normal.
Francisco Sande Lemos
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