[Archport] Convite à Comunidade Arqueológica
Não sou arqueólogo profissional, não pude estar presente no debate promovido pela AAP, não tenho partido político embora tenha orientação ideológica, tenho manifestado aqui e em outros locais a minha opinião sobre alterações de orientação fundamentais para repensar uma arqueologia e uma relação com a arqueologia sustentável. Sensível aos aspectos financeiros que actividade arqueológica envolve, sobretudo quando está em causa a integração profissional digna dos profissionais cuja formação e apelo pessoal foram orientados para a arqueologia, rejeito liminarmente a ideia de que a actividade arqueológica e a sua sustentabilidade sejam avaliadas em referência ao volume de negócios que pode gerar. Na avaliação da sustentabilidade da arqueologia têm que ser equacionados muitos outros factores, tanto os relacionados com os princípios éticos e deontológicos que devem orientar a relação com o património cultural em geral e arqueológico em particular, como os que respeitam ao papel social e cultural, comunitário, que a arqueologia e a actividade arqueológica devem cumprir.
A arqueologia não é um negócio. É uma área do conhecimento com estratégica intervenção na valorização, salvaguarda e preservação do património cultural, que pode e deve gerar receitas no sentido de se tornar financeiramente sustentável.
Nunca tive qualquer relação com o ex-IPA, cuja orientação também me mereceu algumas reservas. Todavia estou convicto de que a extinção do ex-IPA contribuíu decisivamente para o desmembraento de uma relação de maior proximidade da actividade arqueológica com a comunidade e o território.
Esta é a localização de que parto quando alerto para que há que reformular de base um modelo de sustentabilidade para a actividade arqueológica.
Mas não consigo localizar o tópico em que se tem sediado a intervenção do IGESPAR nos últimos anos. Se os negócios, na minha óptica a actividade arqueológica se tem multiplicado durante os últimos anos, o que ressalta da informação que é veiculada é que foi devido a iniciativas criativas autónomas, localizadas, ou dispersas por múltiplas entidades de implantação local e regional, sem enquadramento na orientação da iniciativa do IGESPAR. E quando transmito esta opinião pessoal, penso estar a transmitir a ideia corrente que se manifesta no interior da comunidade.
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Manuel de Castro Nunes