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Re: [Archport] Pegadas de Dinossáurios

Subject :   Re: [Archport] Pegadas de Dinossáurios
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Wed, 14 Oct 2009 16:48:21 +0100

Naufrágio dos séculos XVII/XVIII identificado na baía da Horta por equipa do CHAM


Desde Abril que uma equipa de arqueologia do Centro de História de Além-Mar (CHAM) se encontra a realizar trabalhos de escavação e salvaguarda no sítio BH-001, na área de implantação do molhe de protecção do terminal de passageiros do porto da Horta, na ilha do Faial.

A implementação destas medidas de minimização de impacte ambiental foi financiada, numa primeira fase, pela Administração dos Portos do Triângulo e Grupo Ocidental (APTO.S.A), através do consórcio construtor, constituído pelas empresas Somague - Engenharia, Somague - Ediçor, Tecnovia Açores, Conduril e AFA Açores. Numa segunda fase, em curso até finais de Outubro, a intervenção é financiada pela Direcção Regional da Cultura dos Açores e pelo CHAM.

Os trabalhos permitiram identificar vestígios importantes de um naufrágio, dispersos por uma vasta área, dos quais de destacam cerca de quatro dezenas de presas de elefante, canhões em ferro, garrafas de vinho, copos em vidro, moedas, garrafas em grés de fabrico alemão ou inglês, armas de fogo, cachimbos em caulino, entre outros materiais cerâmicos, vítreos e metálicos.

Os artefactos de maior dimensão, nomeadamente os canhões em ferro, foram transferidos para a Baía de Entre os Montes, encontrando-se visitáveis aos praticantes de mergulho recreativo.


Os materiais recuperados encontram-se actualmente nas instalações da APTO. SA, onde receberam medidas de conservação preventiva.

Numa análise ainda preliminar, os materiais arqueológicos e o contexto histórico sugerem que se tratam de evidências de um navio inglês, envolvido no tráfego atlântico em finais do século XVII ou durante os três primeiros quartéis do XVIII.

Os navios britânicos operavam entre Inglaterra, África e as suas possessões ultramarinas, com escala técnica nas ilhas dos Açores, nomeadamente na Horta, onde efectuavam ainda actividades comerciais, envolvendo a troca de manufacturas por víveres e vinho do Pico, então exportado para a Europa e para as colónias inglesas na América Central e do Norte.

A exploração de marfim africano, a par do tráfego de ouro e escravos, assumia neste contexto particular importância. Por exemplo, através de registos históricos, sabe-se que uma única campanha inglesa e portuguesa nos Camarões podia permitir a aquisição de 60 toneladas de marfim, envolvendo o abate de aproximadamente 2000 elefantes.

A confirmar-se esta hipótese, BH-001 torna-se no mais antigo vestígio arqueológico relacionado com a afirmação da cidade da Horta como escala técnica, estratégica para navios ingleses, e de um raro documento das rotas comerciais britânicas no Atlântico dos séculos XVII e XVIII.



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