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Re: [Archport] A verdade sobre o Porto Torrão

Subject :   Re: [Archport] A verdade sobre o Porto Torrão
From :   ana carvalho <carvalho_anamaria@yahoo.com>
Date :   Fri, 23 Oct 2009 08:31:58 -0700 (PDT)

Olá a todos!
 
é com muito interesse e com um sorriso que leio as palavras da Cátia, porque me revejo nelas.
Infelizmente é assim que as coisas estão a acontecer e vão-se repetindo, como ciclo vicioso... porque há sempre quem aceite trabalhar em condições precárias, seja por amor à camisola, seja porque 50 euros dia parece muito dinheiro, principalmente se se é isento de segurança social e se não for obrigado a fazer retenção de IRS.
Quando se começa a ter estes encargos a coisa complica-se; e se se pensar em comprar material (carro, computador, máquina fotográfica, impressora etc.) e quem sabe ir mais longe e ter filhos e assentar, é impossivel compatibilizar uma coisa com a outra.
 
Continuar a aceitar 50 eur/dia ou 42 eur/ dia, como eu própria já fiz, sem mais nada, não compensa, é pagar para trabalhar!
 
Não estamos a valorizarmo-nos como profissionais, tao pouco como pessoas. É muito provável que quem vê isto de fora (empreiteiros e donos de obra) considere estas coisas de arqueologia, um serviço como outro qualquer, sem grande importância, pois se é um serviço que lhes sai tao baratinho...
 
Assim não estamos a valorizar o património arqueológico ou cultural ... estamos a rebaixá-lo!
Nós, arqueólogos, responsáveis pela valorização de património, ao aceitarmos trabalhar nestas condições, não valorizamos a nossa profissão.
Não esperemos então, que alguém de fora nos venha mostrar respeito.
 
Saudações arqueológicas
Ana Carvalho
 
http://patrimoniosustentavel.blogspot.com



From: Cátia Lopes <arqueoscorpion@hotmail.com>
To: archport@ci.uc.pt
Sent: Fri, October 23, 2009 3:51:01 PM
Subject: [Archport] A verdade sobre o Porto Torrão

Boa tarde,


Eu sou uma das 7 pessoas que se veio embora do Porto Torrão.


Não enviei o primeiro email nem nenhum dos 7, pelas informações que tenho. Pelo que não era nossa intenção manchar o nome da empresa. Saímos pacificamente sem criticar nem a empresa nem os colegas que ficaram. Até porque, infelizmente, não é a única a não pagar dias de chuva…


Ao ler o email tem-se a sensação que ficámos uma semana inteira sem receber por causa da chuva, o que não é verdade. Aconteceu na 3º feira, começou a chover às 10h ficámos em campo ate as 12h e depois mandaram-nos para casa. Ouvindo rumores de que não pagavam essa tarde nem os dias de chuva, fomos perguntar pessoalmente, no dia seguinte, se era verdade… A resposta foi que sim! Pelo que, simplesmente, decidimos vir embora. Isto, numa semana em que davam chuva para todo o país com alerta amarelo. Não combinámos uns com os outros! Cada um sabe de si e na sua consciência, trabalha com as condições que acha justas.


Cara colega e amiga Raquel, é uma pena que sejas uma das pessoas que se limita a aceitar as condições tal como nos apresentam, sem discutir. Eu não vou estar a 400km de casa sem me pagarem dias de chuva (nem em casa faria isso!). Metam o pessoal a lavar cerâmica, ou simplesmente nada. Não temos culpa que chova! E se para ti é normal, e até agora não te tenham pago os dias de chuva, para nós em 3 anos de escavações contínuas para várias empresas, foi a primeira vez que tal aconteceu.


E não! Não recebemos 33! Eram 50 euros! As contas são: recebemos mil em vinte dias, tira-se 200 para a retenção e mais 160 para a segurança social da e fica-se com a módica quantia de 640 euros! Dividimos por 20 dias, por exemplo, e até da 32! Já é tempo de usar estes números, e tirar a ilusão de que se ganham mil euros… Esses 32 euros têm que chegar para viagens, comida, seguros, telemóvel, etc… faltar um dia numa semana, já é estar em risco de ficar no prejuízo! E vale a pena lembrar os colegas com prestações e rendas de casa, que apenas a usam fim-de-semana sim, fim-de-semana não...


Enquanto profissionais liberais temos o direito (e, acima de tudo, o dever!) de recusar estas condições! É que há um par de anos atrás as condições eram bem melhores! E agora é trabalhar para sobreviver! E já não falta muito para andarmos a pagar para trabalhar, só porque caímos no erro de ter “ amor pela camisola”. Nós já pensamos em desistir, e a arqueologia começa a resumir-se a isto, o pessoal aguenta 2, 3 anos e sai, e os novos vão sempre ocupar os nossos lugares, e aceitar as condições que nós recusámos…

Pelo que nos foi informado, depois de nos termos demitido, a empresa vai passar a pôr o pessoal a lavar cerâmica. Pelo que, de momento, estou desempregada, mas pelo menos a nossa luta pôde ajudar quem fica!

 

Com os melhores cumprimentos,

Cátia Lopes



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