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[Archport] Aviso a todos arqueólogos

To :   <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Aviso a todos arqueólogos
From :   mov 4 <mov4@live.com.pt>
Date :   Mon, 13 Sep 2010 17:18:13 +0100

Caros Colegas,

 

Após ponderada reflexão, decidimos, por esta forma, expressar o nosso profundo descontentamento e desagrado para com todas as polémicas expressas nesta digna lista, no que respeita aos moldes de criação do tão falado sindicato.

Temos a dizer que, no nosso ponto de vista, não estão aqui a ser debatidos os pontos fulcrais da problemática que envolve a profissionalização da classe de arqueólogos profissionais. Estão, sim, a ser debatidos problemas acessórios que dizem respeito à consciência ética e deontológica de cada um, sendo que, neste aspecto, somos nós mesmos que nos devemos valorizar enquanto profissionais.

Queremos, com esta mensagem, criar um primeiro alerta a todos, que não é assim que iremos chegar a lugar algum. Debatamos o que realmente interessa para a nossa dignificação e posterior criação de um verdadeiro sindicato que deverá ter por função não mais do que defender os interesses dos trabalhadores desta classe. Destes trabalhadores que o sindicato deverá defender incluem-se profissionais liberais, empresários, funcionários do estado, investigadores, etc.

  • 1.º Paremos de lavar roupa suja e deixemo-nos de usar este portal crível como um mero veículo de propaganda de garotos e miúdos mimados cujo objectivo é tão somente denegrir quem trabalha (vão para o facebook ou para Hi5 lavar roupa que também aí terão o seu tempo de antena).
  • 2.º Em análise das questões colocadas neste portal é de salientar que ninguém trabalha para uma entidade empregadora debaixo da ameaça de arma ou sob qualquer tipo de coacção. Ou seja, cada um trabalha com as condições que previamente acordou e isso nunca ninguém o poderá proibir.
  • 3.º De que adianta a um profissional não aceitar um trabalho na área da arqueologia de baixo valor remuneratório, quando toda gente sabe que outro colega o irá aceitar?
  • 4.º As ideias do pseudo sindicato, nunca poderão convergir no sentido inquisitório, ou seja, este só deverá ter o papel de defensor da classe trabalhadora de arqueólogos através dos mecanismos legais.
  • 5.º O sindicato deverá promover acções no sentido de sensibilizar os profissionais por forma a incentivar que estes não aceitem condições de trabalho pouco dignas para com os próprios.
  • 6.º E porque não a classe de arqueólogos começar a valorizarem-se a si mesmos começando pela forma como se apresentam visualmente enquanto estudantes e depois trabalhadores no local de trabalho/estudo no quotidiano das suas vidas? Entenda-se: deixem de parecer uns mendigos ou uns drogados enquanto estiverem a representar a classe arqueológica. Em nada ajuda ao nosso mercado de trabalho, enquanto membros da mesma classe, existirem indivíduos que não tem pudor em mostrar que estão ali só para ganharem algum para os CD’s, festivais do sudoeste e afins, viciados em drogas, álcool e outras substancias que não dignificam qualquer classe trabalhadora. Alguma vez, nas obras, os engenheiros e restantes profissionais se apresentam de rastas? Ou com cristas? Com a cara toda furada parecendo raladores? Ou de aparência duvidosa? A pequena mudança na credibilização da nossa classe pode, e deve, começar, também, por aqui.
  • 7.º Nas varias questões colocadas, analisámos que as empresas, sejam elas boas ou más, dêem boas ou más condições profissionais, são alvo preferencial de ataque, fazendo pensar ao leitor que quem transmite essas mensagens não está mais do que ressabiado ou, por não conseguir formar uma empresa que tanto almejava, enquanto estudante ou profissional.
  • 8.º Será que até os maus profissionais da arqueologia tem de receber o mesmo que um bom? Será que um arqueólogo, que no decorrer das suas funções passa a vida no café ou a fazer outra coisa qualquer, tem de receber o mesmo que aquele que está na obra? Será que aquele arqueólogo que nada sabe, que não tem bom desempenho profissional e nada sabe da actividade arqueológica tem de receber o mesmo que o outro que desempenha bem e profissionalmente as suas funções? Claro que não. Não nos esqueçamos que a mediocridade, que não chegou a ser filtrada nas faculdades, acabam por ser filtradas no mercado de trabalho. Como em tudo na vida.
  • 9.º Entendemos que um sindicato deve combater pelas vias jurídico/legais que dispõe todos os lobbies que existem no mercado da arqueologia. Referimo-nos concretamente a estratégias e manobras dirigidas por arqueólogos (com grandes responsabilidades atribuídas na arqueologia), que pensam possuir feudos e, enquanto senhores feudais, apoiados muitas vezes pelas as instituições de direito publico, levam a cabo manobras de bastidores violentas e revestidas de uma falta de carácter monstruosa, no total prejuízo de muitos arqueólogos que só querem trabalhar e ganhar o pão nosso de cada dia.
  • 10.º A todos arqueólogos com pseudo estatuto superior, enquanto investigadores através de PNTA ou Bolsa de investigação, lembrem-se do que andam a apregoar em prol da defesa dos direitos do trabalhador e comecem por dar o exemplo, dando condições dignas de alojamento, banho, alimentação e transporte aos seus colaboradores estudantes que ajudam na produção de resultados científicos pois são eles que trabalham de sol a sol, carregam os baldes, carros de mão, picareta, pá e enxada, fazem registo de campo, fotografia, topografia, desenho, lavagem, marcação e inventariação de materiais. Estes estudantes, um dia, serão também arqueólogos e trazem já consigo estes exemplos instituídos pelos Srs. Doutores e profissionais de renome,  como ‘é mesmo assim’ em nome da sabedoria, do curriculum e da prática arqueológica, vendo tudo isto como uma prática recorrente e normalizada.
  • 11.º É importante incutir, logo nas universidades, o espírito de que um arqueólogo é uma peça chave no desenvolvimento económico de vários sectores da sociedade sejam eles projectos de investigação que originem pólos de atracão turística ou unidades de investigação, obras publicas ou privadas com vista ao desenvolvimento económico do pais com ou sem fins comerciais, económicos ou sociais. Nunca é demais lembrar que sem o arqueólogo a obra não se faz, temos o pico e o colherim na mão.
  • 12.º Sonhando, seria bom que todos pudéssemos ter um contrato de trabalho a termo / sem termo com todas as regalias sociais e legais associadas. Seria bom se pudéssemos viver em harmonia uns com os outros. Porém a realidade do mundo em que vivemos é bem diferente. Os contratos são só para alguns, os bons contratos são só para que tem padrinhos e a união e harmonia não cabe na falta de carácter que caracteriza alguns (muitos) de nós.

 

Não nos envergonhem mais enquanto classe profissional, dignifiquem-se, respeitem-se e dêem-se ao respeito.

Estamos abertos e receptivos a qualquer divergência com as nossas ideias. No entanto não respondemos a ataques gratuitos e insignificantes.

 

 

MOV4

Quatro arqueólogos descontentes, mesmo muito descontentes.


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