Já estivemos pior, já estivemos melhor...
Talvez a diferença entre o tempo do Leite de Vasconcelos e o nosso resida no facto de ele estar sozinho e nós sermos já muitos, partilhando hodiernamente poucos da vontade, da iniciativa, de denunciar, de proteger, de salvaguardar e de estudar o património.
Por vezes desanimo, quando constato que, para muitos de nós, o trabalhar-se na herança cultural que outros nos deixaram não é prazer, nem amor ou sequer paixão - é apenas uma maneira como outra qualquer de pagar as contas no final do mês ou um modo de se ir sobrevivendo, sem levantar ondas ou irritar os poderes que acham(mos) que mandam.
Não quero com isto dizer que viver a vidinha e exercitar o rame rame do quotidiano se deverá subjugar à luta "heróica" pela defesa de um Estado Cultural, como preconiza a Constituição - apenas digo que quanto mais património (finito, relembro) deixarmos destruir, impávidos e serenos, sem que haja sequer um suspiro de indignação, mais depressa deixamos que acabe a razão de ser da nossa actividade e da nossa profissão.
Pode ser que aí, quando a última jazida arqueológica portuguesa jazer sob o betão da pseudo modernidade, possamos fazer a arqueologia da arqueologia portuguesa.
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