Centro
de interpretação da arte rupestre do Tejo em Vila Velha de Ródão vai a concurso
em 2010
OJE/Lusa,
06/11/09, 15:19
A
Câmara de Vila Velha de Ródão vai lançar no próximo ano o concurso para um
centro de interpretação da arte rupestre do Rio Tejo e arqueologia do concelho,
disse hoje à Lusa a presidente da autarquia.
A estrutura orçada em 1,5 milhões de euros vai ficar instalada no antigo
edifício dos paços do concelho, hoje espaço cultural, onde algumas das peças já
estão expostas, adiantou Maria do Carmo Sequeira
"O projecto está concluído e aguarda revisão. Contamos até final do Verão
de 2010 lançar o concurso para a obra", disse a autarca.
No Tejo, ao largo de Vila Velha de Ródão, há cerca de 20 mil gravuras rupestres
das primeiras sociedades agrárias, num dos maiores complexos do género na
Europa. A maioria das figuras estão submersas, outras estão acessíveis através
de visitas de barco.
O centro vai contextualizar o levantamento de gravuras, feito em moldes antes
da barragem do Fratel as submergir (1974).
"O centro de interpretação vai incluir quatro áreas: arte rupestre,
arqueologia, geologia e geomorfologia", explicou a autarca.
O fóssil de um dente de elefante é uma das peças em destaque, já hoje exposta,
encontrado durante trabalhos arqueológicos nas décadas de 80 e 90 na Foz de
Enxarrique - prova de que há 33.500 anos os últimos elefantes da Europa terão
passeado pela região.
Outros vestígios de fauna, parentes de cavalos, veados e aves, bem como
inúmeros artefactos humanos, constituem o espólio.
As formas de valorizar e divulgar as gravuras rupestres do Tejo e outros sítios
arqueológicos de Vila Velha de Ródão vão estar em debate num encontro sobre o
tema marcado para sábado.
A Casa das Artes e Cultura do Tejo vai organizar uma mesa redonda sobre
Arqueologia e Geomorfologia no concelho, que durante todo o dia vai reunir
investigadores para um balanço de conhecimentos e estudo de perspectivas.
Além das gravuras rupestres, há monumentos megalíticos, locais de mineração que
remontam à época romana ou até anterior, entre outros sítios arqueológicos,
"muito interessantes para contar a história da região", destacou à
Lusa, João Caninas, arqueólogo e investigador da Associação de Estudos do Alto
Tejo, que promove o encontro juntamente com a Câmara de Vila Velha de Ródão.
"Como pegar neste potencial e comunicá-lo de forma eficiente" é um
dos desafios que se coloca, assim como divulgar boas práticas de protecção dos
sítios e aprofundar algumas linhas de investigação, por exemplo, no que
respeita à milenar exploração do ouro no concelho.
Os meios disponíveis vão determinar o ritmo a que o manancial de sítios arqueológicos
identificados se poderá transformar em locais catalogados e "visitáveis
pelo público", concluiu.