Aproveito para
responder de imediato a Joaquim Baptista, que, além do adjectivo «pintadas», usa
no seu blogue a curiosa expressão «epigrafia travestada», seguramente inspirado
em célebre frase que correu pelos noticiários no final da anterior
legislatura.
E apresso-me a
responder, porque sou eu um dos responsáveis (se não mesmo o principal
responsável) pela 'pintura' daquelas epígrafes que se mostram no Arquivo
Epigráfico de Idanha-a-Velha e que J. Baptista mostra no seu blogue. Por outro
lado, permita-se-me que o faça através da lista, porque o meu interlocutor assim
o decidiu fazer - e é justo que toda a comunidade da archport saiba a
opinião do «outro lado».
Comenta Joaquim
Baptista:
Como, se calhar não tinham mais que fazer, resolveram pintar
lápides em óptimo estado de conservação. No entanto votaram aos elementos
mais de uma centena de epigrafes. Não dá para entender. Mas nem é para entender.
Estamos perante sumidades que não aceitam qualquer contributo, estão acima do
comum mortal. Mas são pagos com os nossos impostos. O que para nós deve ser
considerada uma honra. Só neste país...
Como calcula, temos (felizmente!)
muito mais que fazer e a decisão de pintar algumas das epígrafes deriva do facto
de, em meu entender e no entender de muitos epigrafistas, a maior parte - se não
a totalidade - das epígrafes romanas terem sido, originalmente, pintadas, como
hoje se pintam as inscrições para mais fácil ser a leitura. Foi uma opção,
pensada, meditada - que bem sabíamos que poderia causar polémica. Desculpe se,
de facto, não pedimos a sua opinião; mas, como saberá de anteriores contactos
que temos tido, não me considero (nem sou!) uma "sumidade" nem creio estar
«acima do comum mortal».
Quanto à questão de,
provisoriamente, algumas epígrafes terem ficado ao ar livre, sujeitas às
intempéries, isso deve-se, naturalmente, ao facto de ainda não haver espaço para
as guardar. Em todo o caso, Joaquim Baptista, poderá dar uma saltada ao Museu
das Termas em Roma ou mesmo à cidade romana de Óstia ou ao Museu do
Vaticano - e verá que, também aí, se deixaram muitas inscrições «votadas aos
elementos» (para usar da sua expressão). Por acaso, já pensou que, afinal, a
maior parte dessas pedras (quer monumentais quer funerárias ou votivas) foram
pensadas justamente para estarem ao ar livre?
Finalmente, se sou pago com os
seus impostos, a honra é minha: bem haja!
José
d'Encarnação
----- Original Message -----
|
Mensagem anterior por data: Re: [Archport] Inscrições romanas pintadas. Será sério? | Próxima mensagem por data: [Archport] Conferências de Arqueologia Guarani em Mação |
Mensagem anterior por assunto: Re: [Archport] Inscrições romanas pintadas. Será sério? | Próxima mensagem por assunto: [Archport] Inscripciones Latinas de la Comunidad Autónoma de Madrid |