[Archport] Jogos de Guerra.
A Arqueologia e a História têm coisas destas. Subitamente os herois de antanho, Alexandres, Cesares e Viriatos, a par com suas heroicas façanhas, transmigram para a consciência e tomam conta dela. Então recua-se para as eras lendárias, nunca mais de lá se sai.
As consolas de jogo são caras, senão seria mais fácil jogar às guerras de tempos menos remotos, Bush contra Laden.
De modo que vão por aí surgindo uns arqueólogos que se sumiram para a personalidade dos seus herois. Viriato parece ter-se tornado o mais apelativo.
Ainda hão de aparecer uns sebastiões.
Em tempos de crise, na história remota e recente, muitos sujeitos, que até pareciam sãos, cairam nessa armadilha da mente. Alguns fizeram coisas desastrosas, porque ninguém, a tempo, conseguiu falar com eles com benevolência, trazendo-os à razão.
De modo que, praticar uma História e uma Arqueologia críticas, torna-se urgente.
É bom que se comece a controlar o género epopaico que por vezes, inadvertidamente, trespassa os nossos discursos.
Senão ainda veremos muitos em frente da sua play station a jogar Viriato contra os Cipiões. Sempre era um lenitivo.
--
Manuel de Castro Nunes