Arqueologia resgata história de
forte abandonado em Rondônia
Globo Amazônia,
18 de Janeiro de 2010
PORTO VELHO - Abandonado
por décadas, o Real Forte Príncipe da Beira, um dos marcos mais monumentais da
ocupação portuguesa na Amazônia está sendo estudado por arqueólogos para ser
restaurado e, quem sabe, virar uma importante atração turística da região
amazônica.
Projetada pelo arquiteto italiano Domingos Sambucetti, que morreu de malária
durante a obra, a construção está localizada às margens do Rio Guaporé, na
fronteira do Brasil com a Bolívia, no município de Costa Marques (RO). A função
do forte inaugurado em 1783 era guardar os limites entre os impérios português
e espanhol. Quando a ocupação da região já estava consolidada, perdeu sua
função e acabou abandonado.
Agora, um projeto de recuperação de fortificações do Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) está permitindo conhecer melhor como
era a vida dos ocupantes do Príncipe da Beira. Mais de 40 mil peças já foram
encontradas nas escavações da parte interna do forte. “Há muitos restos
de fardamentos, insígnias militares. Encontramos 2.200 balas de canhão”,
relata Fernando Marques, arqueólogo do Museu Paraense Emílio Goeldi que desde o
ano passado desenvolve trabalho de campo no sítio.
Um dos aspectos interessantes do material recolhido no trabalho de recuperação
é a evidência da integração dos militares com a população da região. Nas
escavações foram encontradas “louças europeias misturadas com cerâmicas
nativas", segundo relata Marques. “Dentro do espaço do forte havia
capela, hospital, boticário, costureiros. E, ao lado dele, foram surgindo
comunidades”, descreve o arqueólogo. Segundo ele, suas instalações
permitiam dar abrigo a cem soldados.
Para identificar o
local em que cada objeto é encontrado, os arqueólogos dividem o sítio em
quadrantes. Os da foto têm 2m por 2m.
A área central onde grande parte dos objetos foram encontrados é um
quadrado com 10 mil metros quadrados de área. A frente externa do forte
tem 250 metros. A imponência da construção não chegou a ter emprego em batalha,
já que o forte nunca esteve envolvido em combate.
Segundo Marques, a restauração do forte deve demorar mais dois ou três anos. Então,
estará pronto para visitação turística. Como a construção fica num local
isolado, a cerca de 800 km da capital Porto Velho, uma opção para atrair
visitantes será incluí-lo em roteiros de turismo ambiental pela região.
http://portalamazonia.globo.com/pscript/noticias/noticias.php?idN=99082