Lista archport

Mensagem

[Archport] Açores no centro das rotas atlânticas

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Açores no centro das rotas atlânticas
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Wed, 27 Jan 2010 11:34:06 +0000

DAMIÃO RODRIGUES SUSTENTA

Açores no centro das rotas atlânticas


Diário Insular, 27/01/2010


Demonstrar que os Açores desempenharam um papel na história “mais central do que aquilo que se poderia pensar” é um dos objectivos do investigador Damião Rodrigues. O investigador defende, por isso, que “as ilhas e os arquipélagos eram e são pontes naturais entre massas continentais e mundos oceânicos”.


“No mundo atlântico, as ilhas desempenharam várias funções estratégicas, económicas, culturais e, por isso, não podem ser ignoradas”, explica. 


“Integrar os Açores neste quadro, como tem vindo a ser feito, é demonstrar que as ilhas eram mais centrais do que se poderia pensar”, continua.

ATLANTIC HISTORY


Damião Rodrigues tem, assim, explorado o conceito de “Atlantic history”, de forma a desconstruir a ideia de que se trata, sobretudo, “de uma história do Atlântico Norte e, em particular, do Atlântico inglês ou britânico”.

“Quando falamos de “Atlantic history”, falamos de um modelo ou de uma tendência historiográfica que se afirmou a partir dos EUA, com Bernard Bailyn, e da Johns Hopkins, com Jack Greene”, explica. 


Trata-se de uma corrente que, tomando como unidade histórica de base o espaço atlântico, assume uma perspectiva integradora que contempla todos os povos e regiões envolvidos nas dinâmicas de construção do «mundo atlântico».


Segundo Damião Rodrigues, “a “Atlantic history” tem, até ao momento, seguido uma lógica historiográfica hegemónica que ignora ou secundariza o Atlântico Sul”.
O investigador acredita ainda que “assistimos a uma internacionalização da nossa historiografia, que passa pela ultrapassagem de mitos e de preconceitos herdados de uma matriz nacionalista, que nos permite dialogar com outras historiografias e criticar a hegemonia anglo-saxónica”.


No entanto, segundo o investigador, o conceito não tem ainda merecido a atenção suficiente para gerar o debate.


Por outro lado, a “Atlantic history” enfrenta ainda desafios e críticas, entre elas “ultrapassar a ignorância do Atlântico português ou luso-brasileiro e abrir-se a outros espaços e histórias fora do Atlântico, mas que com ele e nele se articulam”.


UM PROJECTO PARA A REGIÃO


O conceito de “Atlantic history” é ainda uma das bases do projecto “Um navio ibérico para o Atlântico: construção naval, vida a bordo e a escala de Angra nos séculos XVI e XVII”.


Trata-se de um trabalho da responsabilidade de Damião Rodrigues que vai receber uma verba de 105.000,00 euros.  O objectivo passa por valorizar o património histórico e arqueológico da Região. 


“Um navio ibérico para o Atlântico” relaciona-se com o conceito de “Atlantic history” por “demonstrar a centralidade das ilhas nas rotas e nas vivências do mundo atlântico, neste caso a partir dos Açores”.


O projecto, aprovado dia 23 pela Fundação para a Ciência e Tecnologia,  vem ainda aprofundar outro trabalho.“Este projecto continua e aprofunda um outro que termina este ano e que tem permitido a realização de campanhas de arqueologia subaquática na baía de Angra e a identificação de novos sítios arqueológicos”, afirma.  


Para o investigador, estes projectos vêm demonstrar que “afinal, a comunidade académica e as instituições estão atentas à história e ao património regionais”.


Damião Rodrigues é o primeiro orador no ciclo de conferências a decorrer na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo intitulado “Oceano de histórias - novos caminhos da história do Atlântico”.


“Portugal, as ilhas e a Atlantic history” é o tema do primeiro colóquio e vem relevar os caminhos que a nova historiografia portuguesa traça no presente, em particular nas ilhas, em resposta às exigências do resto do mundo.


Segundo Damião Rodrigues, pretende-se com este colóquio “apresentar o “estado da arte” de uma das vertentes da actual historiografia nacional, que podemos integrar na história da expansão portuguesa”.


Por outro lado, o investigador vai ainda “criticar a hegemonia anglo-saxónica”.


Marcolino Candeias, director da Biblioteca, afirma que a iniciativa surge de uma “vontade antiga de abordar temáticas relacionadas com a história dos Açores”.
“A oportunidade surge em parceria com o Centro de História de Além-Mar, sendo que pretendemos dar continuidade às publicações relacionadas com a temática, sendo que ainda existem lacunas e espaços a serem abordados”, explica.


A iniciativa promove conferências mensalmente, até Maio, sendo que o primeiro colóquio acontece amanhã, pelas 18 horas.



http://www.diarioinsular.com/version/1.1/r13/?cmd=noticia&id=15863



Mensagem anterior por data: [Archport] Provas de Mestrado na FLUL Próxima mensagem por data: [Archport] A caça ao tesouro na FR3
Mensagem anterior por assunto: [Archport] Açores em debate Próxima mensagem por assunto: [Archport] A economia através da cerâmica romana de Mirobriga (Santiago do Cacém)